Uma Família Inglesa - Cap. 38: XXXIX - Coroa-se a obra Pág. 424 / 432

que dei? Tão impossível te parece já a gratidão, que…

– Não, mas as circunstâncias que ocorreram… o que se passou…

– Que tem tudo isso?

– Jenny, perdoa-me; mas a minha consciência obriga-me a pôr de parte todas as reservas e a falar-te com franqueza…

– E ainda agora o fazes?

– Responde-me… Quais são as tuas tenções?

– Que tenções?

– As tuas tenções… a meu respeito?

– Ah! … As melhores tenções deste mundo… Fazer-te feliz.

– Mas repara, Jenny, que eu não o posso nunca ser, à custa de sacrifícios alheios.

– E quem é que se vai sacrificar?

– Não sei, mas… acudiu-me um pensamento… louco por certo… mas inquieta-me… A tua generosidade é capaz de tudo…

– Vamos lá a ver esse pensamento louco que te ocorreu.

– Naquela manhã, no dia dos teus anos, quando me apareceste, como o anjo de misericórdia, em um momento de aflição… lembras-te?

– Vamos adiante... O anjo de misericórdia é que veio de mais aí...

– Nesse momento, ouvi-te dizer algumas palavras, que tremi de compreender, depois quando disseste a… teu irmão que eu tinha direitos a exigir dele a afeição que…

– E não tinhas?

– Ouve-me, Jenny. Daquela vez a tua angélica presença bastou para me salvar; mas, se não bastasse, quando eu tivesse sido surpreendida, como o acaso me arriscou a ser, ali, só, naquele lugar, e ficasse perdida na opinião de todos, coberta de vergonha e de desprezo, ainda assim preferiria retirar-me só com a minha consciência, que me não acusava, a usar dos direitos a essa reparação, que dizias. Exigir afeições! Repara bem, Jenny: – Exigir! – E podem lá exigir-se afeições? Receber as aparências delas, em vez da realidade! E a quem dá isso venturas?

– Tens razão, Cecília. Vê; eu também sou do teu pensar, e, contudo, teimo em fazer-te feliz.





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