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Capítulo 38: XXXIX - Coroa-se a obra

Página 423
para Jenny e, com certa perturbação de voz mal disfarçada, perguntou-lhe:

– Miss Jenny, a que serviços devo eu uma tão generosa recompensa?

– Serão poucos os de dezoito anos de fidelidade, Manuel Quintino? Vamos – continuou sorrindo –; querem ver que nos sai um desconfiado? Asseguro-lhe eu, Jenny – continuou com voz firme e grave, porque julgou divisar um raio de desconfiança no olhar de Manuel Quintino –, asseguro-lhe eu, que vi escrever essa carta e que beijei, reconhecida, a mão que a escreveu, asseguro-lhe que pode e que deve aceitar a mercê – se mercê se pode chamar – com a certeza de que a obteve por nobres e reais serviços.

Estas palavras desarmaram Manuel Quintino. Todas as sombras suscitadas pela leitura se desfizeram.

Havia-lhe de facto ocorrido que lhe queriam compensar daquela maneira as tenções, menos leais, de Carlos para com a filha, e, com esta ideia, o orgulho e o despeito, mal sopeados ainda, revoltaram-se-lhe no coração outra vez.

Mas o conceito em que tinha Jenny não lhe deixava suportar estes escrúpulos, desde que por ela os via condenados.

Agora porém era Cecília a que ficava pensativa.

Passada a primeira expansão de alegria, que a felicidade do pai lhe despertara, acudiu a reflexão a fazê-la meditar sobre as tenções de Jenny.

Esta, que observava a amiga, chamou-a de parte.

– Que ares graves são esses, Cecília?

– Jenny, deixa-me fazer-lhe uma pergunta?

– Não; se for feita de maneira tão cerimoniosa. Vê que não é assim que eu te trato.

– Mas…

– É condição para que te escute. Fala.

– Diga-me…

A um gesto de Jenny, corrigiu, sorrindo:

– Dizes-me toda a significação disto?

– De quê?

– Desta generosa acção, que eu sinto vir da… tua inspiração?

– Então não te basta a explicação

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pág. 423 (Capítulo 38)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 423

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432