Uma Família Inglesa - Cap. 38: XXXIX - Coroa-se a obra Pág. 430 / 432

Manuel Quintino permanecia como estupefacto.

– De meu pai tenho já o consentimento; tenho também a aprovação de Jenny; falta-me apenas…

– E Cecília?…

– Interrogue-a.

Manuel Quintino, quase sem saber o que fazia, dirigiu-se à porta para chamar a filha. Esta não estava longe, como é de prever.

Ao entrar na sala, o rosto tinha-lhe dito mais do que se podia esperar das palavras.

Manuel Quintino não era para mais hesitações e reservas. Atirou-se ao pescoço de Carlos; abraçou-o, beijou-o, chamando-lhe seu querido filho.

– Cecília – dizia Carlos, daí a pouco, aproximando-se dela –, se, para avaliar os seus sentimentos, esperasse que mos revelasse, duvidaria ainda, sabe?

– Mas não duvida?

– Não, porque… os adivinho; julgo eu que os adivinho.

– E que mais quer? Infelizes dos que não sabem adivinhar assim. Esses… não amam deveras. Não lhe parece?

– E adivinha também?

– Espero que sim.

– Mas ainda há tão pouco tempo que duvidava!

– Ou queria obrigar-me a duvidar.

– E não o conseguiu?

– Bem vê que creio, antes de ouvir a justificação.

– Prometo-lhe que não abusarei dessa generosa confiança – respondeu Carlos, beijando-lhe a mão que ela lhe estendia.

Ora sucedeu que a Sr.a Antónia surpreendesse esta cena. Rica de tal descoberta, correu a dar parte dela ao amo, que cantarolava na sala contígua.

Mas qual não foi o seu espanto, ao ver Manuel Quintino receber às risadas a comunicação do delito!

Um raio de luz atravessou o entendimento daquela prudente senhora.

Tinha ela bastante tino político para deixar de imitar os deputados que, aos primeiros indícios de mudança ministerial, têm a cautela de se passarem, com armas e bagagem, para a oposição, com o fim de no dia seguinte amanhecerem do lado do poder.

Teve cedo a Sr.





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