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Capítulo 38: XXXIX - Coroa-se a obra

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a Antónia ocasião de manifestar este tacto político. Ouviu-se tocar a campainha do portal, e Antónia, que veio abrir a cancela, achou-se na presença do Sr. José Fortunato, o qual a vinha prevenir de que vira passar Carlos na rua.

– Olhem o milagre! Se ele está cá em cima! – disse Antónia, encolhendo os ombros.

– Lá em cima! – exclamou o outro.

– Temos grande novidade. A coisa agora é a valer.

– O quê? O que é a valer, Sr.a Antónia, o que é a valer?

– Desconfio que há casamento tratado.

O Sr. José Fortunato fez uma careta.

– Que me diz?!

– Sim; então que há aí de maior? Talhados são eles um para o outro. Da mesma idade e…

Não pôde continuar; o carro de Mr. Richard parava junto do portal, e o velho inglês saltou lepidamente dele e ajudou Jenny a sair.

– Santa Virgem, que aí vem tudo! – exclamou Antónia, correndo pelas escadas acima, a anunciar os recém-chegados.

A curiosidade do Sr. José Fortunato venceu o despeito e fê-lo entrar também para ver.

Viu um singular espectáculo!

Jenny abraçava Cecília com efusão; Manuel Quintino era gravemente abraçado por Mr. Richard; depois era Carlos, que apresentava Cecília a Mr. Richard, dizendo:

– Trago-lhe mais uma filha, senhor.

E Mr. Richard, que respondia, abraçando-a:

– Agradecido, Carlos. É um verdadeiro tesouro que me dás.

Cecília beijava comovida a mão do inglês. Manuel Quintino, soltando frases desordenadas, abraçava toda a gente. Antónia dava parabéns a todos e de ninguém era atendida.

O Sr. José Fortunato viu e voltou as costas ao que vira. Desceu as escadas, despercebido de todos, sacudiu na soleira da porta o pó dos sapatos, e, resmoneando palavras ininteligíveis, saiu para não voltar.

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 431

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432