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Capítulo 38: XXXIX - Coroa-se a obra

Página 429

Cecília, ao ouvir a criada, corada de maneira particular e sob não sei que pretexto, recolheu-se ao quarto.

É que se lembrou, naquele momento, de um bilhete, que na véspera recebera de Jenny, com estas sós palavras:

– «Desejo-te e agouro-te muito risonhas madrugadas.»

Assinada – «Tua irmã, Jenny».

Logo que Cecília saiu, Antónia chegou-se ao pé de Manuel Quintino e disse-lhe em ar de mistério:

– É ele outra vez!

– Ele quem?

– O filho do inglês.

– Carlos?!

Foi com alvoroço que Manuel Quintino desceu as escadas e chegou à presença do irmão de Jenny.

Carlos não estava menos agitado. Nos seus gestos e palavras havia uma gravidade que Manuel Quintino lhe estranhou.

Não se sentiam à vontade um na presença do outro, o que não é para admirar depois das cenas ocorridas entre ambos.

Carlos rompeu primeiro o silêncio.

– Manuel Quintino, eu venho aqui para um fim muito sério e de máxima importância para nós ambos.

Depois de curto intervalo de pausa, acrescentou:

– Venho aqui pedir-lhe a mão de sua filha.

Manuel Quintino deu um salto na cadeira em que estava sentado.

– Pedir a…?

– A mão de Cecília – repetiu Carlos, com firmeza.

Uma nuvem toldou por momentos o espírito de Manuel Quintino. As suspeitas, mal acalmadas, agitaram-se de novo àquelas palavras.

Carlos, notando-o, acrescentou:

– Não lhe oculto agora que há muito sinto por sua filha uma afeição, que em vão procurei combater. Curvei a cabeça ante as suas acusações, Manuel Quintino, não porque me exprobrasse a consciência alguma tenção infame, mas porque pelas minhas imprudências podia de facto ter arriscado a boa fama da pessoa que eu queria defender por todo o preço, à custa de todos os sacrifícios, e tinha remorsos disso. Não é reparação que venho aqui oferecer; Cecília não carece dela; venho pedir-lhe a minha felicidade.

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pág. 429 (Capítulo 38)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 429

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432