Uma Família Inglesa - Cap. 7: VII - Revista da noite Pág. 75 / 432

– Coitada!

– Coitada?! Ai, se já principias assim a lamentá-la… mal vai a minha história.

– Pois acaso?…

– Escuta. Ao princípio, ela não mostrou timidez; sustentou com vivacidade o diálogo, aparando e retribuindo triunfantemente os galanteios que eles lhe dirigiam. Mas a luta era desigual; porque enfim os contendores, nesta esgrima de palavras, tinham de reserva armas de que ela não podia servir-se. Foi então, ao reconhecer isto, que se mostrou inquieta e ergueu-se para retirar-se; seguimo-la; à porta do salão ela e as companheiras voltaram-se, viram-nos e pareceram atemorizadas. Ela então, a desconhecida, dirigiu-se a mim e pediu-me que lhe servisse de protector, apelou para a minha generosidade, e eu…

– Tu protegeste-as, não é verdade? – disse Jenny, juntando as mãos, e fixando no irmão um olhar de simpatia. – Protegeste, não protegeste?

– Fui, fui um D. Quixote de donzelas perseguidas. Então que queres tu? Não te dizia eu que havia ainda em mim muito da candura dos quinze anos?

– Não te arrependas, Charles, não te arrependas de ser generoso.

– É certo que consegui afastar os meus associados, o que não foi pequena tarefa; fiz valer porém os direitos de descobridor e prometi-lhes revelar o segredo daquela máscara, segredo cuja investigação me competia. Feito isto, segui-as. Ao princípio tudo foram efusões de gratidão à minha nobreza de carácter, ao meu coração, aos meus sentimentos, etc., mas, quando nos livrámos das ruas mais centrais e passou o perigo da perseguição que temiam, tudo mudou de figura e principiaram já a pedir-me para também me retirar. Esta ingratidão ofendeu-me e recusei… Então. Aí estás séria outra vez!

– E com razão, Charles. Pois pediam-te e tu… Isso já não é de generoso… Quem sabe os motivos?

– Perdoa-me, Jenny; tu é que não sabes nada destas coisas.





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