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Capítulo 7: VII - Revista da noite

Página 74
Aí tens; a pergunta é mais do que ingénua, é quase ridícula. Que lhe censuras tu?

– A essa, decerto que nada. E depois?

– Ela respondeu-me: – «Bem mais fatigada disto tudo do que esperava, vindo aqui, Sr. Carlos».

– Como disseste?… Sr. Carlos?!

– É verdade, «Sr. Carlos». Sabia o meu nome a misteriosa incógnita; sabia o meu nome! Está de ver que aumentou a minha curiosidade. Continuando a conversar, vim a saber dela que tinha vindo ali acompanhada de outros dominós femininos, cujo humor mais galhofeiro contrastava com aquela melancólica seriedade. Ficámos a conversar um com o outro, amigavelmente, inocentemente, assim como eu converso agora contigo. E… queres que te diga? Havia até alguma coisa do teu falar, maneiras de dizer tuas, na conversa daquela rapariga; e era isto talvez o que me impunha certo acatamento para com ela, de que não podia livrar-me. Não imaginas a graça, o bom senso, a viveza que revelou em todo aquele diálogo comigo. Mostrou-se muito informada a meu respeito e até a respeito da nossa família; houve um momento em que deu mostras de querer falar de ti; eu porém evitei a conversa…

– Porquê?! – perguntou Jenny, fingindo-se ofendida.

– Porque… – balbuciou Carlos embaraçado, e depois, com mais resolução, continuou: – Digo-te a verdade, Jenny; respeito-te muito; tenho pelo teu nome uma veneração muito grande, para que me fosse agradável ouvi-lo pronunciar naqueles lugares, e pronunciado de mais por… não obstante o favorável conceito que continuo a fazer da desconhecida… mas… por lábios que… não sei ainda… que não tenho a certeza se serão dignos disso. Passadas duas horas talvez neste inofensivo conversar, chegaram, já fartos de alvorotar o salão, alguns dos rapazes que me tinham acompanhado. Foi-me pouco agradável, confesso-o, a presença dos meus amigos e sobretudo desagradabilíssimos os galanteadores conceitos que dirigiram à minha interlocutora e os gracejos com que a respeito dela me mimosearam.

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pág. 74 (Capítulo 7)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 74

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432