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Capítulo 7: VII - Revista da noite

Página 78
– Olha se queres que retire ainda o perdão que já te dei. Que mais terás a pesar-te na consciência? Aproveita o ensejo desta minha disposição benévola.

– Julgo que não tenho mais nada.

– Aí está uma alma com excelente opinião de si! Visto isso, tens cumprido todos os teus deveres?

– Mas… deveres de que género?

– Que pergunta! Pois não sabes os deveres que tens?! Maus indícios! Deveres de cristão, de cidadão, de filho e de…

– O que aí vai! o que aí vai! Por quem és, Jenny! vamos por partes, senão…

– Pois bem, quero falar-te agora só de uns, que me parece teres descurado um pouco.

– Fala.

– Diz-me: tens ido ao escritório?…

– Ai, o escritório! – disse Carlos, rindo. – Então era disso que me querias falar? Bem longe estava eu de pensar no escritório.

– Tens lá ido?

– Eu não.

– Não!

– Há já bastante tempo que lá não vou, há… mas… achas isso grande pecado?

– E pergunta-lo? Não é o trabalho um dever?

– O trabalho será.

– Então…

– É que faz sua diferença. Tu não sabes como eu trabalho no escritório? É outra dessas imposturas sociais, que me fariam rir deveras, se não fossem tão fastidiosas. É preciso que saibas, minha boa Jenny, que no escritório o trabalho real, o trabalho útil, o trabalho-trabalho está encarnado na pessoa de Manuel Quintino. Esse sim. É quem ali faz tudo, quem a tudo dá solução, e parece-me que o único até capaz de o fazer. Exige-se que eu vá lá também, não para trabalhar; a minha cooperação o mais que faz é impacientar o bom do homem, distrair os outros caixeiros e alterar a ordem metódica dos papéis comerciais. Eu vou só para fingir que entro naquelas coisas, para representar de comerciante, embora não penetre em nenhum dos segredos ou transacções em que anda empenhada a firma. Hoje

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pág. 78 (Capítulo 7)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 78

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432