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Capítulo 7: VII - Revista da noite

Página 77
este favor por sua irmã, por Jenny»; sim, por ti, foi por ti que ela me pediu e fê-lo ajuntando as mãos com tal candura, que eu… Precisas de perguntar-me se condescendi desta vez?

Jenny estendeu a mão ao irmão.

– Obrigada. Afinal o bem triunfa sempre no teu coração. Estava certa disso.

Carlos baixou a cabeça, como mortificado com estes louvores da irmã. Dir-se-ia que aquelas palavras lhe estavam a fazer sentir remorsos, longe de o desvanecerem.

Depois de uma hesitação de momentos, terminou por dizer, com evidente enleio:

– Olha, Jenny… eu por fim de contas não sou homem para aceitar louvores que não mereço… repugna-me esta hipocrisia; custa-me deveras, mas… sou forçado a dizer-te que… que não sou digno desses aplausos.

– Porquê?

– Porque… alguma coisa se passou… eu não disse tudo ainda e… É verdade que… condescendi… sim… mas não tão desinteressadamente como… sim… porque exigi… usurpei… à maneira de compensação…

– O quê?

– Um beijo, ao qual a pobre rapariga não retirou a tempo a face e que a lançou numa espécie de desespero, fingido talvez, decerto… mas bem fingido.

Jenny reproduziu um gesto de desgosto.

– Mas não me condenes, Jenny – apressou-se Carlos a acrescentar – porque afinal eu nem lhe vi o rosto, e estou provavelmente condenado a nunca descobrir quem ela seja.

Além disso cumpri religiosamente o prometido, renunciando a acompanhá-la, o que me custou deveras; ainda hoje me preocupa o olhar, a voz daquela rapariga e quase lamento… Vamos, não continues a olhar-me desse modo. Pois recusas perdoar-me, quando eu…

– A falar verdade, mereces bem pouco que te perdoem. Mas, como cedeste em meu nome, quase me tiraste o direito de ser severa. O final… o final… na verdade…

– E vês o meu endurecimento na culpa? Foi isso de toda a aventura o que me deixou mais agradável memória de si…

– Então! – disse Jenny, batendo-lhe com o livro na mão.

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pág. 77 (Capítulo 7)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 77

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432