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Capítulo 7: VII - Revista da noite

Página 79
lembram-se de me comunicar o princípio de certo negócio, do qual se julgam depois tão dispensados de dizer-me o resultado, como eu de perguntar por ele; amanhã, dar-me-ão parte da conclusão de outro, cuja existência eu ignorava ainda. Ora aqui tens como eu sou comerciante. O pai gosta de me ver lá em baixo, como representante da firma Whitestone & C.a, e mais nada. Chego ao escritório, abro a janela, mostro-me ao público, como uma espécie de tabuleta da casa, dou três passeios na praça, converso em tudo, menos no negócio, e venho embora. Se isto é trabalhar…

– Mas, já que te repugna essa ociosidade, por que não trabalhas deveras?

– Porque não é costume. O trabalho é para o guarda-livros. Nós somos uma espécie de padrinhos; damos o nome à criança e pagamos-lhe o enxoval, mas não nos encarregamos das fadigas da sua educação. Contudo, já uma ou outra vez tentei trabalhar, por descargo de consciência; mas lembrança minha era saudada com uma risada do Manuel Quintino e com o riso mal disfarçado dos outros caixeiros. Pelos modos era disparate certo.

– Pois bem; por isso mesmo que tão pouco se exige de ti é que devias ser mais assíduo.

– Mas é tão monótono! Fazes lá ideia! Odeio aquela Rua dos Ingleses, Jenny; abomino-a.

– E preferes mortificar o pai, que já hoje se queixou das tuas faltas, quando um pequeno sacrifício…

– Não lhe chames pequeno; mas, grande que seja, estou resolvido a fazê-lo para te agradar. Amanhã…

– Amanhã! – disse Jenny, encolhendo os ombros.

– Pois então? Queres que já hoje?…

– E por que não?

– Mas vê que já é tarde…

– Mais tarde será se te demorares.

Carlos emudeceu.

– E ao mesmo tempo – prosseguiu Jenny – aproveitaria a ocasião de mandar saber daquela pobre viúva inglesa que há já tantos dias não aparece.

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pág. 79 (Capítulo 7)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 79

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432