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Capítulo 4: IV - Tribunal de honra

Página 16
Vamos por partes. O amigo Fialho desconfia de sua mulher?

- Eu?

- Sim: parece-lhe que ela doidejou e lhe fez alguma patifaria?

- Eu sei cá, homem!... Vejo isto!... Ah! Esquecia-me de dizer que ela diz que deu o dinheiro aos pobres...

- Bem me fio eu nisso! Essa não amolo eu! - refutou Pantaleão, bascolejando nas queixadas um riso galego. - Aos pobres!...

- Também eu não a engulo! - concordou o irmão de misericórdia. - Que diga o nome dos pobres! Sim! queremos saber quem são os pobres. Física e moralmente falando, se ela o não disser, está provado o crime.

- Isso está! - obtemperou Atanásio. - E cá, se a tratantada fosse comigo, era negócio feito, percebe você?

- Você que faria? - perguntou Fialho.

- Eu?! Eu?! Então você ainda me não conhece? Eu cá era dois pontapés, e rua, percebe você?

- Isso não são modos! - obstou Pantaleão Mendes Guimarães. - Amigo Fialho, você averigue esse caso

com vagar.

- Não tenho que averiguar! - recalcitrou o marido de Ângela. - É isto que lhes digo. Gastou o dinheiro e não diz em quê.

- Então, convento com ela! - alvitrou o prudente Guimarães. - Um homem de créditos faz isto. Os amigos digam agora o que entenderem.

- Eu - opinou Joaquim José Bernardo, descascando os rebordos das ventas infectas - física e moralmente falando, também vou para aí, atendendo a que é melhor não dar escândalo. Você administra-lhe de comer e beber no convento, e não quer mais saber dela.

- E se lhe puser demanda a mulher?! - lembrou Atanásio.

- Demanda? Ora essa!... - acudiu Joaquim Bernardo. - Demanda?

- Sim; vamos que ela pede metade da fortuna, ou o dote de trinta contos com que o amigo Fialho a dotou?

- O amigo Fialho não tem nada - respondeu triunfantemente o árbitro. - Tudo que ele tem é nosso por uma escritura de dívida.

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Capa do livro Os Brilhantes do Brasileiro
Páginas: 174
Página atual: 16

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Aflições sudoríferas 1
II - 1.600$000 Réis! 5
III - Retratos do natural 12
IV - Tribunal de honra 15
V - Considerações plásticas 20
VI - Amigos do seu amigo 26
VII - Revelações cómicas 32
VIII - Revelações tristes 36
IX - Amores fatais 41
X - O Poeta 48
XI - Sonhos e esperanças 55
XII - A Fuga 59
XIII – Desamparo 63
XIV - Via dolorosa 68
XV - Meio milhão! 76
XVI - Por causa do Fígaro 85
XVII - História dos brilhantes 90
XVIII - A Infamada 100
XIX - Amor-próprio 106
XX - O Doente e o doutor 110
XXI - Morre Hermenegildo 119
XXII - Felicidade suprema 123
XXIII - Os homens honestos 132
XXIV - A Opinião pública 135
XXV - O Cego 141
XXVI - A Providência 145
XXVII - Vem rompendo a luz 149
XXVIII - Confidências do cego 154
XXIX - Luz! 162
XXX – Finalmente 168
Conclusão 172
Epílogo 174