Uma Família Inglesa - Cap. 15: XV - Vida inglesa Pág. 180 / 432

Sorriu a boa fada, ao ver assim os dois,

E repetiu ainda: – «Ai, que pesados sois!»

É que, após a mulher, seguiu-se o marido

Estreitamente aos pés da terna esposa unido.

Ao vê-lo, inda outra vez a meiga fada riu,

E, leve, para a praia o voo dirigiu.

Com este cacho vivo, esta humana cadeia

Cujos elos o amor piedosamente enleia.

Pousando o livro, Jenny continuou:

– Seguem-se mais quatro versos, consagrados à moralidade do conto, os quais talvez me julgues dispensada de ler, por inúteis.

– Decerto. A alegoria é transparente, até sem comentários. Mas, diz-me tu uma coisa, Jenny: que faria ou que diria a boa fada se, pairando sobre a praia, um dia, em que as marés não fossem vivas, nem o mar ameaçasse devorar a piedosa família… que faria ou diria ela, se encontrasse os três formando o cacho vivo da imagem, tão ridículo nesse caso, como tocante nas condições em que o considera a lenda? A fada por certo que sorria também, mas acrescentando dessa vez: «Ai, que varridos sois!» Diz-me agora se queres que eu junte alguma coisa também, correspondente aos tais quatro versos de moralidade que suprimiste? – terminou Carlos, tocando levemente as faces de Jenny, e com um sorriso triunfante, ao qual ela correspondeu com outro, mas replicando:

– Não, não é preciso. Mas repara, Charles, que as tempestades no mar formam-se às vezes em um momento. E ninguém pode prever a época em que é para recear o perigo. Não viste como os pescadores voltavam a casa, «alegres todos três», portanto confiados no mar? Se, tendo esta confiança, se houvessem separado e não caminhassem com as mãos unidas? Ao vir a maré, nem Amel procuraria que a esposa lhe sobrevivesse, nem Pennor tentaria salvar o filho, nem o cabelo louro da criança, vindo à tona





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