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Capítulo 1: I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor

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Era o caso de mais uma vez repetir o Audaces fortuna… de já estafada memória.

Esta imunidade, em parte devida à lúcida inteligência, com a qual Mr. Richard sabia superintender nos variados negócios do seu trato, em parte a não sei que benigno espírito, ou acaso feliz, a que muitas vezes parece andar subordinada a fortuna, valera-lhe uma ilimitada confiança entre todos, com quem o negócio o ligava, confiança da qual, nem em circunstâncias frívolas, se mostrou nunca indigno depositário.

O quotidiano aparecimento do negociante estrangeiro na Praça – nome que entre nós se dá ainda à Rua dos Ingleses, principal centro de transacções do alto comércio portuense – festejavam-no benevolentes sorrisos, rasgadas e pressurosas reverências, frases de insinuantes amabilidades e afectuosos shake-hands, segundo o mais ou menos adiantado grau de familiaridade, que cada qual mantinha com ele.

Ninguém se dispensava de qualquer destas demonstrações de estima, ou as impusesse o prestígio dos avultados capitais e da social liberalidade do comerciante britânico, ou – como de preferência opinarão os que melhor conceito formam dos homens – um longo passado sem mancha, uma rectidão e cavalheirismo, aquilatados todos os dias.

Mr. Whitestone não se deixava porém desvanecer com estas homenagens dos seus confrades, aliás merecidas.

Decididamente não era a vaidade o seu defeito dominante. Aspirando essa espécie de incenso moral, que tão bem formadas cabeças atordoa, não sentia, no íntimo, turbar-se a limpidez, verdadeiramente cristalina, da razão, nele pouco sujeita a esvaimentos.

Os gelos daquele coração, formado e desenvolvido a 51 graus de latitude setentrional, não se fundiam com tão pouco.

Loas, hinos encomiásticos, capazes, ainda que em prosa,

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pág. 2 (Capítulo 1)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 2

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432