Uma Família Inglesa - Cap. 3: III - Na Águia de Ouro Pág. 23 / 432

Que era noite solene para a casa, aquela casa que tem já dado que entender a ministérios e a empresários líricos, não podia haver dúvida.

Cá em baixo, os serventes do café falavam a meia voz e mostravam no olhar certo ar de preocupação, certa importância no gesto, como se efectivamente se estivesse passando coisa de momento no andar de cima.

O café contrastava, porém, com a animação que se percebia nas salas da hospedaria.

Estavam desertos os lugares daquela abafada quadra, em cujas paredes ainda então existiam, e ameaçavam perpetuar-se, reproduções em lona dos combates que restabeleceram a independência da Grécia; a luz amortecida dos candeeiros não dissipava as sombras dos recantos.

O marcador do bilhar cabeceava com sono.

Os bailes de máscaras tinham derivado dali até os homens políticos. Naquela noite as discussões sobre a Guerra da Crimeia, então na ordem do dia, travavam-se ao som das valsas e das mazurcas, nos teatros.

Não é pois neste lugar, agora melancólico e quase lúgubre, que eu pretendo demorar o leitor.

Subamos e, por entre os criados que encontrarmos nas escadas e corredores, penetremos na sala de onde provém o ruído de festa que já noticiámos.

O leitor por certo conhece o recinto. As suas particularidades arquitectónicas não requerem também as fadigas da descrição.

É um jantar de rapazes a festa a que viemos assistir.

Chegámos, porém, tarde.

O fumo dos charutos enevoa a sala e empana o fulgor das luzes; o jantar vai no fim, a desordem portanto no ponto culminante.

Há já cálices partidos, vinhos preciosos extravasados, convivas em todas as posições, algumas indescritíveis.

A vozearia é atordoadora. A confusão pode dar uma ideia de Babel.

Tratam-se simultaneamente todos os assuntos; as





Os capítulos deste livro