Que era noite solene para a casa, aquela casa que tem já dado que entender a ministérios e a empresários líricos, não podia haver dúvida.
Cá em baixo, os serventes do café falavam a meia voz e mostravam no olhar certo ar de preocupação, certa importância no gesto, como se efectivamente se estivesse passando coisa de momento no andar de cima.
O café contrastava, porém, com a animação que se percebia nas salas da hospedaria.
Estavam desertos os lugares daquela abafada quadra, em cujas paredes ainda então existiam, e ameaçavam perpetuar-se, reproduções em lona dos combates que restabeleceram a independência da Grécia; a luz amortecida dos candeeiros não dissipava as sombras dos recantos.
O marcador do bilhar cabeceava com sono.
Os bailes de máscaras tinham derivado dali até os homens políticos. Naquela noite as discussões sobre a Guerra da Crimeia, então na ordem do dia, travavam-se ao som das valsas e das mazurcas, nos teatros.
Não é pois neste lugar, agora melancólico e quase lúgubre, que eu pretendo demorar o leitor.
Subamos e, por entre os criados que encontrarmos nas escadas e corredores, penetremos na sala de onde provém o ruído de festa que já noticiámos.
O leitor por certo conhece o recinto. As suas particularidades arquitectónicas não requerem também as fadigas da descrição.
É um jantar de rapazes a festa a que viemos assistir.
Chegámos, porém, tarde.
O fumo dos charutos enevoa a sala e empana o fulgor das luzes; o jantar vai no fim, a desordem portanto no ponto culminante.
Há já cálices partidos, vinhos preciosos extravasados, convivas em todas as posições, algumas indescritíveis.
A vozearia é atordoadora. A confusão pode dar uma ideia de Babel.
Tratam-se simultaneamente todos os assuntos; as