Uma Família Inglesa - Cap. 35: XXXVI - A defesa da irmã Pág. 399 / 432

rapaz de outros tempos?

– Provas?

– Se eu te mostrasse que ele hoje, ainda como dantes, não hesita, para satisfazer doidas e pouco delicadas fantasias, em cortar por certas contemplações, respeitáveis para quem possui intactos os sentimentos de família, ridículas talvez para ele?

– É injusto… demasiadamente severo para Charles, senhor.

– Pergunta-lhe se foi em homenagem a essa rapariga, por quem o imaginas apaixonado há tanto tempo, que ele vendeu o relógio, de que no dia dos seus anos eu lhe tinha feito presente. Afligiu-me este facto, não por o valor do objecto, mas porque me revelou uma fraqueza na alma de meu filho, uma tibieza nos sentimentos de dignidade, que não esperava encontrar nele.

– Charles afirmou-me que fora um motivo poderoso o que o obrigara…

– Mentiu! – disse Mr. Richard com azedume.

– Ó senhor! – exclamou Jenny, como exprobrando-lhe a dureza da expressão.

– O motivo sei eu qual foi…

– Terá provas certas de que o sabe?

Mr. Richard vacilou a esta pergunta, dizendo depois:

– Quase evidentes.

Jenny sorriu ao repetir:

– Quase.

Mr. Richard, como excitado por aquele sorriso, insistiu:

– Decerto não foi Cecília a pessoa que nesse dia procurou teu irmão e o acompanhou de carruagem até à loja do ourives onde se efectuou a venda?

Jenny soube pela primeira vez estas particularidades, mas, animada pela confiança que o irmão lhe soubera inspirar, disse sem hesitação:

– São esses os únicos fundamentos da acusação?

– E julgo que… – e mudando repentinamente o tom, acrescentou: – Mas, deixando isso, a não fazer o que fiz, que querias tu que eu fizesse?

Jenny, desviando os olhos para um periódico de gravuras, que estava sobre a mesa, respondeu:

– Não sei que mal haveria em ceder ao impulso daqueles dois corações, visto que…

Mr.





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