A Morgadinha dos Canaviais - Cap. 8: VIII Pág. 116 / 508

- Então que estava lendo? Poh! poh! poh!... Versos... Ora que nunca pude gostar de versos!... Poh! poh!... E não é agora porque se diga que não tinha queda; não, senhores; em tempos fiz até algumas quadras... Poh! poh!!... Já se sabe, até certa idade, mas nunca fui muito para aí... Poh! A minha vocação é para a música... Poh! poh!... Lá para a música, sim... Poh! poh! poh!... Hermann e Doroteia continuava ele, examinando os livros. - Novelas... Poh!... E isto que é? Confessions de Rousseau - neste nome deixou aos ditongos o valor português. - Poh! poh! As Metamorphoses... Latim! Ó que maçada! Poh! poh! poh! poh!...

- E o Ovídio, que lhe chegara às mãos, foi arremessado como se estivesse em brasa.

Augusto não pôde conservar-se sério, ante o instintivo movimento de repulsão do mestre.

- Então que boa fortuna o traz por aqui, Sr. Pertunhas? - perguntou ele.

- Ai, é verdade; eu lhe digo ao que venho. É para lhe pedir um favor, meu caro Sr. Augusto. Eu bem sei que é abusar da sua bondade... Quousque tandem, Catilina. Mas, é por esta vez...

- Já sei; quer que lhe vá dar lição aos rapazes.

- Ah! grande maganão, que adivinhou - exclamou o mestre, abraçando Augusto com efusão. É isso mesmo, se lhe não custasse...

- Irei.

- É que... eu lhe digo, eu tinha hoje de ir ao ensaio da filarmónica... Percebe o senhor? Os Reis estão aí à porta e as outras festas do Natal, e não há tempo a perder... Percebe? E eu tenho ainda umas peças do Trovador para ensinar à minha gente. São muito bonitas... Poh! poh! poh! E então este ano, que pelos modos temos cá o conselheiro e mais o pequeno... Não contando com esse sujeito que aí chegou ontem a Alvapenha. Chama-se Henrique de Souselas, é sobrinho da velha, da D.





Os capítulos deste livro