Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 17: XVII

Página 252
XVII

Não havia mentido a grande cintilação das estrelas na noite de Natal.

A manhã do dia seguinte correspondeu ao augúrio meteorológico, rompendo pura e desenevoada, com um céu azul sem manchas e um sol de fundir os gelos dos montes e os gelos da velhice.

O frio intenso convidava a sair, e desde pela manhã aldeões de ambos os sexos, de camisas lavadas e roupas domingueiras, atravessavam os campos, saltavam sebes e cancelos, desembocavam das azinhagas e quelhas na direcção da igreja matriz, onde se deviam celebrar as festas da Natividade.

Era dia-santo entre os que mais o são; e os dias santos na aldeia têm uma feição solene e festiva, que mal avaliamos nós, os que passamos a vida nos apertados horizontes das cidades, fantasiando o campo por meia dúzia de pardais, que chilram ruidosamente nas copas das enfezadas árvores das nossas praças e jardins.

Desde que a moda estabeleceu a lei de não solenizar o domingo nem o dia-santo, com um vestuário mais asseado, com um prato mais esquisito na lista do jantar, com uma diversão excepcional, e que todos deram em vestir-se, comer e trabalhar nesses dias, exactamente como em todos os da semana, perderam nas cidades os dias do Senhor a feição típica e interessante, que por muito tempo tiveram; e quem hoje bem os quiser apreciar tem de ir num sábado pernoitar ao campo, para amanhecer no domingo ao som do sino, que chama para a missa matinal.

Dirá, então, se não parece que até o Sol tem outra luz e que as árvores e as plantas se toucaram de flores novas, que guardam de reserva para os dias de festa.

Este particular aspecto do domingo estava-o logo pela manhã sentindo Henrique de Souselas, encostado à varanda do quarto em que pernoitara, e enquanto esperava que o chamassem para o almoço.

<< Página Anterior

pág. 252 (Capítulo 17)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 252

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506