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Capítulo 26: XXVI

Página 397
XXVI

Quando Madalena voltou ao Mosteiro, encontrou a casa em completa agitação.

Momentos antes havia sido para lá transportado, quase sem acordo, Henrique de Souselas, que um criado de lavoura se encarregara de trazer da taberna, onde o Canada o recolhera, até o Mosteiro, sobre um carro de erva que vinha guiando.

Ao ver naquele estado o sobrinho da senhora de Alvapenha, D. Vitória perdeu totalmente a cabeça, e, em vez de tomar as providências que o caso pedia, deu em ralhar, em fazer exclamações, em andar de sala em sala, de corredor em corredor, sem tenção formada, sem método, sem direcção. Levava as mãos à cabeça, juntava- as consternada; dava uma ordem ociosa; mandava logo suspender a execução dela; impacientava-se; chamava a toda a pressa um criado e não sabia depois o que tinha para dizer-lhe; estranhava a tardança de outro que não mandara chamar, e sem dar afinal expediente a coisa alguma, nem saber o que fizesse.

Os criados ressentiam-se desta falta de inteligente direcção; paravam embaraçados, ou corriam sem saber para onde, nem para quê, e sem adiantarem serviço.

As crianças concorriam também para esta desordem, porque, cheias de susto, andavam agarradas às saias de D. Vitória, que nem sequer dava por elas. Cristina foi a única pessoa que conservou a presença de espírito naquela ocasião.

Nada do que fazia era inútil; nem uma só ordem dava que pudesse dizer-se ociosa; graças ao método com que procedia, às instruções que ordenava, a tudo se providenciou convenientemente, sem que D. Vitória o percebesse até.

Cristina também, ao ver chegar Henrique naquele estado assustador, sentira-se desfalecer; mas disse-lhe a consciência que lhe era precisa toda a firmeza, visto que estava ausente Madalena, em quem somente poderia descansar, e logo achou na necessidade valor, e, com serenidade aparente, só traída pela extrema palidez das faces, a tudo atendeu, tudo previu, tudo providenciou.

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pág. 397 (Capítulo 26)

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 397

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506