Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 3: III

Página 35
Abatia-se-lhe aos pés um não muito profundo vale, opulento em vegetação, e que, a certa distância, se continuava insensível e gradualmente com uma ameníssima colina.

Além, um belo bosque de carvalhos seculares, que o Inverno, privando- os de folhas, tingira quase da cor da violeta, contrastava com a fronde sempre verde das laranjeiras nos pomares vizinhos, fronde por entre a qual se divisavam abundantes os doirados frutos poupados pela mão do lavrador. As copas, como umbeladas, dos pinheiros mansos, desenhavam nas encostas e iminências fronteiras as mais suaves ondulações. Dispersos aqui e ali, e entremeados com a verdura, grupos de casas campestres, alvejantes à luz do Sol, moinhos e azenhas, noras, toldadas de ramadas cónicas, eiras, pontes rústicas, as mesmas talvez que com mau humor trilhara na véspera, tão sinistras então, como graciosas agora; extensas e virentes campinas e lameiros, onde pastavam numerosas manadas de gado.

Mais longe a igreja com a sua alameda à entrada, e o cemitério, onde um só mausoléu avultava ainda; uma ou outra casa apalaçada, enegrecida pelo tempo; algumas ruínas, consolidadas pelas heras, revestidas de musgos, doiradas de líquenes; finalmente, tudo o que tenta os paisagistas, tudo o que exalta os poetas, tudo quanto suspende os passos ao viajante; e, encobrindo todo o quadro, um tenuíssimo cendal de vapores azulados, dando-lhe a aparência de uma das mimosas composições a pastel da mão de Pillement.

A mudança de aspecto da cena operou não menor mudança nos sentimentos e disposições do enlevado espectador que das varandas de Alvapenha a estava observando.

- É preciso sair! É preciso sair! - disse Henrique consigo. - Quero ver isto de perto; quero entranhar-me nestes bosques, quero trepar por aqueles montes, debruçar-me daquelas ribanceiras.

<< Página Anterior

pág. 35 (Capítulo 3)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 35

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506