Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 4: IV

Página 63
Veremos se tens juízo para brincares com ela. É assim que eu quero que aprendas os deveres de mãe, que é a verdadeira ciência apropriada a mulheres. E o que é certo é que eu, dissipado o desgosto dos primeiros momentos, porque o tive, confesso, costumei-me a querer àquela pobre criança, fui avara das suas carícias, troquei por ela todos os meus brinquedos, e senti-lhe do coração a morte, quando, um ano depois, ela me expirou nos braços. Quando fui para Lisboa, já ia educada para amar crianças.

Madalena contara tudo isto naturalmente, sem a menor afectação, sem deixar até de atender aos primos, o que aumentava o interesse com que a escutava Henrique.

- E assim fica sabendo quem é a Morgadinha dos Canaviais - concluiu ela, desatando o babeiro das crianças, que tinham terminado o lunch.

- É verdade, mas donde lhe vem esse título singular, prima Madalena? - perguntou Henrique, tomando ao colo uma das crianças, que a Morgadinha pousou no chão.

- É que eu sou realmente a Morgadinha dos Canaviais. Quero dizer, minha madrinha vivia na quinta dos Canaviais, uma quinta que fica daqui perto. Era uma senhora velha, rica, elegante e muito caprichosa; chamavam-lhe todos a Morgada dos Canaviais. Tomou- -me ela afeição, e, sempre que passeasse, me havia de levar consigo; daí começaram a chamar-me, de pequena, a Morgadinha. Quando ela morreu, deixou-me tudo quanto possuía; nesse legado entrava a quinta dos Canaviais, de que sou proprietária ainda. Foi uma como confirmação do título, que já desde criança me tinham dado; e para todos sou aqui a Morgadinha, título na verdade pouco elegante e que tão mau conceito fez conceber ao primo Henrique da possuidora dele.

- Retrato-me, prima Madalena; agora que sei a pessoa a quem ele pertence, parece-me outro.

<< Página Anterior

pág. 63 (Capítulo 4)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 63

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506