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Capítulo 9: IX - No escritório

Página 103

– Se meu pai… – principiava a dizer Carlos, mas foi interrompido pelo ranger das botas de Mr. Richard, que se ouviu nas escadas.

Restabeleceu-se a ordem no escritório.

Os caixeiros puseram-se a escrever e o próprio Carlos pegou em uma folha inglesa e fez que a examinava na secção comercial.

Manuel Quintino curvou-se ainda mais sobre a banca e moveu com maior agilidade a pena sobre o papel paquete em que estava escrevendo.

Mr. Richard entrou no escritório com o rosto jovial e assobiando uma das suas predilectas toadas inglesas; mas, graças ao duro ouvido musical de que era dotado o velho gentleman, tão transtornada lhe saía ela, que o próprio autor lhe custaria decerto a reconhecê-la.

O Butterfly, com a leveza que justificava o nome de lepidóptero que lhe tinham posto, atravessou a sala e foi cumprimentar o seu companheiro terra-nova, o qual, sentado, com a língua de fora, o recebeu com benévola, mas sisuda majestade.

Todos se ergueram à entrada de Mr. Richard, em cujo rosto um olhar exercitado em estudá-lo facilmente descobriria certa expressão de contentamento, despertada pela vista do filho, o qual ele, naquele dia, estava bem longe de esperar ali.

O plano de Jenny surtira bom efeito.

Mr. Richard dirigiu-se imediatamente ao seu gabinete particular. Carlos foi ter com ele, para lhe pedir a bênção e ao mesmo tempo aproveitou a ocasião para lhe agradecer o relógio e para desculpar-se de não ter assistido na véspera ao jantar de família.

Mr. Richard Whitestone já não tinha coisa alguma no coração contra o filho. A vinda deste ao escritório fora bastante para dissipar a menor sombra de ressentimento.

– Não teve dúvida – repetiu ele muitas vezes, interrompendo a longa justificação de Carlos –, não teve dúvida, não

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pág. 103 (Capítulo 9)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 103

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432