– Se meu pai… – principiava a dizer Carlos, mas foi interrompido pelo ranger das botas de Mr. Richard, que se ouviu nas escadas.
Restabeleceu-se a ordem no escritório.
Os caixeiros puseram-se a escrever e o próprio Carlos pegou em uma folha inglesa e fez que a examinava na secção comercial.
Manuel Quintino curvou-se ainda mais sobre a banca e moveu com maior agilidade a pena sobre o papel paquete em que estava escrevendo.
Mr. Richard entrou no escritório com o rosto jovial e assobiando uma das suas predilectas toadas inglesas; mas, graças ao duro ouvido musical de que era dotado o velho gentleman, tão transtornada lhe saía ela, que o próprio autor lhe custaria decerto a reconhecê-la.
O Butterfly, com a leveza que justificava o nome de lepidóptero que lhe tinham posto, atravessou a sala e foi cumprimentar o seu companheiro terra-nova, o qual, sentado, com a língua de fora, o recebeu com benévola, mas sisuda majestade.
Todos se ergueram à entrada de Mr. Richard, em cujo rosto um olhar exercitado em estudá-lo facilmente descobriria certa expressão de contentamento, despertada pela vista do filho, o qual ele, naquele dia, estava bem longe de esperar ali.
O plano de Jenny surtira bom efeito.
Mr. Richard dirigiu-se imediatamente ao seu gabinete particular. Carlos foi ter com ele, para lhe pedir a bênção e ao mesmo tempo aproveitou a ocasião para lhe agradecer o relógio e para desculpar-se de não ter assistido na véspera ao jantar de família.
Mr. Richard Whitestone já não tinha coisa alguma no coração contra o filho. A vinda deste ao escritório fora bastante para dissipar a menor sombra de ressentimento.
– Não teve dúvida – repetiu ele muitas vezes, interrompendo a longa justificação de Carlos –, não teve dúvida, não