Uma Família Inglesa - Cap. 9: IX - No escritório Pág. 103 / 432

– Se meu pai… – principiava a dizer Carlos, mas foi interrompido pelo ranger das botas de Mr. Richard, que se ouviu nas escadas.

Restabeleceu-se a ordem no escritório.

Os caixeiros puseram-se a escrever e o próprio Carlos pegou em uma folha inglesa e fez que a examinava na secção comercial.

Manuel Quintino curvou-se ainda mais sobre a banca e moveu com maior agilidade a pena sobre o papel paquete em que estava escrevendo.

Mr. Richard entrou no escritório com o rosto jovial e assobiando uma das suas predilectas toadas inglesas; mas, graças ao duro ouvido musical de que era dotado o velho gentleman, tão transtornada lhe saía ela, que o próprio autor lhe custaria decerto a reconhecê-la.

O Butterfly, com a leveza que justificava o nome de lepidóptero que lhe tinham posto, atravessou a sala e foi cumprimentar o seu companheiro terra-nova, o qual, sentado, com a língua de fora, o recebeu com benévola, mas sisuda majestade.

Todos se ergueram à entrada de Mr. Richard, em cujo rosto um olhar exercitado em estudá-lo facilmente descobriria certa expressão de contentamento, despertada pela vista do filho, o qual ele, naquele dia, estava bem longe de esperar ali.

O plano de Jenny surtira bom efeito.

Mr. Richard dirigiu-se imediatamente ao seu gabinete particular. Carlos foi ter com ele, para lhe pedir a bênção e ao mesmo tempo aproveitou a ocasião para lhe agradecer o relógio e para desculpar-se de não ter assistido na véspera ao jantar de família.

Mr. Richard Whitestone já não tinha coisa alguma no coração contra o filho. A vinda deste ao escritório fora bastante para dissipar a menor sombra de ressentimento.

– Não teve dúvida – repetiu ele muitas vezes, interrompendo a longa justificação de Carlos –, não teve dúvida, não





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