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Capítulo 10: X – Jenny

Página 111
Não havia nos móveis esses tenuíssimos folheados, mascarando, com madeiras de preço, outras de menos valor; nenhuma dessas maravilhas de imitação, obtidas com vernizes e tintas; nenhuns metais enfeitados, pelo galvanismo, com falsos títulos de nobreza. Nem um só objecto mentia dentro daquele recinto.

Os caracteres, naturalmente observadores da boa-fé, até nestas coisas a amam.

A cor predominante do quarto, de um tom que agradaria a pintores, fazia vantajosamente sobressair a alvura dos cortinados do leito, castamente descidos.

Cores mais garridas só as das camélias que, em singelas jarras de biscuit e porcelana, adornavam o toucador e o fogão.

Não usurpavam o lugar, devido às pobres flores, essa profusão de quinquilharias, hoje tanto em moda: vidros de essências, de pomadas, de óleo, cartonagens de todos os feitios, figuras de porcelana e de jaspe, flores de penas, de papel, de sola, de cascas de cebolas, de tudo com preferência às verdadeiras; retratos de rainhas e de reis, sabonetes de várias cores e formas e uma infinidade de pequenos objectos, que dão a qualquer desses gabinetes a aparência de bazar ou de exposição de feira.

Alguns bronzes de arte, alguns puríssimos cristais de Inglaterra, algumas bonitas floreiras e uma ou outra obra de literatura ou de religião, naquelas inimitáveis brochuras inglesas, era o mais que ali se podia ver.

As paredes estavam limpas de arrebicadas litografias coloridas, representando meninas a disfarçarem um sorriso atrás do leque, a brincarem com um gato, a cheirarem uma flor, a olharem-nos através de uma luneta e em outras muitas posições todas afectadas, de tão graciosas que querem ser; em vez deste adorno, então comum nas salas do Porto, notavam-se as mais afamadas produções do inexcedível buril britânico e algumas aguarelas, cópias fiéis de paisagens inglesas.

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pág. 111 (Capítulo 10)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 111

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432