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Capítulo 11: XI – Cecília

Página 126
Se ao leitor suceder o mesmo, conceberá o tipo de Cecília depois de eu o pronunciar.

Cecília era o que naturalmente a todos ocorre chamar – uma pobre rapariga. – Nesta expressão nada há que faça supor a beleza da pessoa a quem se aplica, bem sei; nem em rigor se refere a qualidade alguma moral.

É certo; por isso não a analiso. Sucede porém que, quando, de qualquer mulher que não conheço, ouço dizer que é – uma pobre rapariga –, não sei por que a imagino bela, bela de beleza nacional e com um coração… como o coração de Cecília.

Aqui temos a inglesa Jenny, que não poderia recear confrontos com a sua amiga, nem em gentileza nem em bondade; mas, não sei porquê, lembrou-me chamar a Jenny anjo e fada, e hesitaria em defini-la, como defino a Cecília.

Acusar-me-ão de dar à filha de Manuel Quintino uma feição demasiadamente burguesa, com a frase burguesa pela qual a caracterizo. Folgarei de que seja merecida a crítica, porque… – vá aqui mais outra confissão, em que revelarei a minha coragem, – eu simpatizo mais com os tipos burgueses do que com os tipos aristocráticos – e em mulheres sobretudo. Rodeia-se de mais poesia aos meus olhos a rapariga burguesa, e sem aspirações a deixar de sê-lo, quando a trabalhar à luz do candeeiro, do que a elegante dos salões, gastando a imaginação em problemas de toucador; a costura, a simples, a modesta costura, útil e abençoada aplicação da agulha feminina, agrada-me bem mais do que as bonitas futilidades do, reputado mais nobre, trabalho de bastidor; a mulher que a si própria se penteia acho-a mais merecedora da contemplação do artista, do que a indolente que, reclinada numa poltrona e folheando um jornal de modas, entrega a cabeça às mãos de uma criada ou do cabeleireiro. Esta, a ser copiada, basta-lhe por tela… um leque ou uma tampa de cartonagem.

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 126

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432