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Capítulo 13: XIII - Vida portuense

Página 154

– Pois quem foi preso? – perguntou Manuel Quintino, que, tendo estado a dormir, não sabia que o seu amigo se referia ao romance que vinha na folha.

– Então não ouviu? – disse o Sr. Fortunato, engolindo um bolo. – Ela foi bem pilhada, isso lá foi. Porque o homem, pelos modos, não sabia que o desconhecido era o pai da rapariga, e tanto que ele ficou espantado quando o outro lhe apareceu, vestido de preto, e lhe disse… – Aqui o Sr. Fortunato engrossou a voz. – «Eu sou a última das tuas vítimas!» – E o filho então é que veio a saber disto; sim, porque até ali não sabia nada. Veio então a saber que a irmã do amigo do comendador é que tinha dado o dinheiro que eles entregaram à tal viúva do cunhado do escrivão.

Manuel Quintino mexia maquinalmente o chá, olhando boquiaberto para o amigo, sem que percebesse uma só palavra, apesar de o Sr. Fortunato gesticular, voltado para ele.

– Que diacho de embrulhada é essa? Eu se o entendo!

– Então não leu? – teimava o outro. – Eles tinham combinado que, logo que partisse o navio, o rapaz fosse acusado do roubo feito ao comendador; e para isso mandaram dizer aos tios do defunto que as jóias foram encontradas na caixa do escudeiro do desconhecido, mas…

– Mas quem demónio é essa gente toda? Que mexerofada de coisas! – exclamou Manuel Quintino, deveras impaciente.

– Então não ouviu? – insistiu o Sr. Fortunato, cuja natural dificuldade de expressão se exacerbava ao expor as enredadas aventuras de um romance francês.

Cecília, que ao princípio não atentara no diálogo cómico que se estava trocando entre os velhos, não pôde deixar de rir com vontade, ao dar por ele.

– Mas onde aconteceu isto tudo, homem? – perguntava Manuel Quintino.

– Em Paris. Pois não…

– O pai não vê que o Sr. Fortunato está a falar do romance?

– Ah! Isso sim.

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pág. 154 (Capítulo 13)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 154

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432