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Capítulo 13: XIII - Vida portuense

Página 153

Quarta parte: – Fortunato diz que está a expirar o Carnaval. – Manuel Quintino replica que lhe não deixa saudades. – Fortunato faz igual declaração. – Manuel Quintino vê com maus olhos a chegada da Quaresma, por causa das confissões. Discute-se quais os confessores mais passa-culpas. Manuel Quintino lembra-se de perguntar quem inventaria isto de confissões. Fortunato fá-las remontar ao tempo dos Romanos, supremo grau de vetustez dele conhecido.

Desta vez os bocejos ficaram em meio, graças à entrada de Cecília e de Antónia com o tabuleiro do chá.

Era notável a transformação operada em Fortunato. Alegrava-o o aspecto das tostas e do leite. Então que querem? Não era que o homem precisasse daquilo; mas, enfim, todo aquele aparato bulia-lhe com a sensibilidade gustativa e, por os misteriosos laços do físico e do moral, lá se lhe ia entender com a alma por fim.

Esta satisfação interior desentranhava-se em amabilidades para com a Hebe doméstica daquela ambrósia – a Sr.a Antónia.

– Ai, Sr.a Antónia – dizia ele – assim é que é; cada vez mais nova.

– Não me diga isso, Sr. Fortunato; logo eu, que estou acabada.

– Acabada! Ainda mal principiou…

Eu não sei se era intenção do Sr. Fortunato terminar aqui a oração, cujo sentido fica um tanto obscuro. E não o sei, porque neste ponto Cecília interrompeu-o, dizendo-lhe:

– Faz favor de ver se está bom do açúcar, Sr. Fortunato.

– Excelente, menina; mas faz-me favor de mais uma colherinha. Assim, muito bem; mais uma agora e mais nada… assim… agora mais não. Está bem.

Depois de cada um tomar a sua posição respectiva, o Sr. Fortunato principiou a falar, misturando na boca as palavras com chá, com leite, e com tostas e bolos.

– Pois, menina, eu estou morto agora por ver se o tal meliante escapa da prisão.

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pág. 153 (Capítulo 13)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 153

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432