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Capítulo 16: XVI - No teatro

Página 195
tanto…

– Não é dessa injustiça que eu desejo ver-te arrependido, Charles, mas antes da do conceito que fizeste de Cecília, do modo como a trataste, só por a veres onde nem quiseste supor que pudesse estar tua irmã…

– E repito! – acudiu Carlos, com vivacidade.

– Pois bem, Charles – respondeu Jenny placidamente, mas em tom repreensivo. – Digo-te eu então que as qualidades, que a vida inteira de Cecília dão-lhe direito a exigir de ti tanta consideração e estima, como a que dizes ter-me. É ainda hoje a minha melhor amiga.

Carlos olhou para a irmã, admirado, tal era a gravidade que lhe descobriu no olhar e na voz.

Devemos confessar que ele nunca viu em Cecília outra coisa mais do que uma rapariga bonita, a qual muitas vezes lhe merecera olhares complacentes, mas de quem tão depressa se esquecia, como dela se afastava.

Recordo-me de haver dito que esta qualidade, de não desafiar imediatamente impressões profundas, caracterizava a espécie de beleza que Cecília possuía.

Nos seus dotes morais nunca pensara Carlos; e para que havia ele de pensar nisso? Por estes motivos a seriedade, de que se revestira subitamente o rosto de Jenny, impressionou-o.

– Bem, Jenny – respondeu ele, fazendo-se sério também –, as tuas palavras reabilitariam até aqueles que precisassem de ser reabilitados. E Cecília, creio-o firmemente, não está nesse caso. Censuras, em tudo isto, só as mereço eu. Hei-de provar-te que assim o penso.

Jenny estendeu-lhe a mão.

– Agora reconheço-te pelo que és. Agradecida.

E depois, apontando para Manuel Quintino:

– Escuso lembrar-te que ele ignora tudo.

– E ficará ignorando.

Manuel Quintino sonhava-se agora no escritório, a fazer uma baralhada conta de somar.

Passados momentos, rodava pelas ruas da cidade a carruagem que transportava a casa a família Whitestone.

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pág. 195 (Capítulo 16)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 195

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432