A última vez que o vi, era ele uma criança… Pois olhe que… a respeito de educação… pode com a que tem… Sempre é herege!
– Porque diz isso?
– Então não viu o descoco com que lhe pediu, e na minha cara, para me mandar embora? E a menina então… foi logo! E que queria por fim este chincharavelho?
– Nada… E sabe?… Escusa de falar a meu pai… nesta visita…
E reparando que Antónia arregalava os olhos a tal recomendação, Cecília acrescentou:
– É porque… Jenny… e o irmão querem causar uma surpresa a meu pai… para o dia dos anos dele e… avisam-me… por isso…
Decididamente Cecília não tinha jeito para mentir; hesitava, corava, a dizer isto, que não era possível iludir-se ninguém.
A criada que, segundo ela mesma dizia, tinha olhos para ver, notou este rubor e confusão, e comentou-os a seu modo:
– Aqui anda coisa. Ora queira Deus, queira!… Nem sei se diga ao Sr. Manuel Quintino… Mas nada, nada; ela lá sabe voltar o pai para onde quer e afinal quem fica mal sou eu. Lá se arranjem… Hum! Uma surpresa para o dia dos anos. Pois não foste! Para mim é que eles vêm com isto!
Cecília procurou encerrar-se no quarto; pegou de novo na costura; mas posso afiançar que não adiantou o trabalho.
Manuel Quintino tinha razão; alguma coisa afligia a filha.