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Capítulo 17: XVII - Contas de Carlos com a consciência

Página 210
Tinha a varanda revestida de trepadeiras, uma roseira no intervalo das duas janelas e, no andar de cima, aparecia frequentemente uma senhora, toda ocupada em trabalhos domésticos, nesse lidar modesto que rodeia, a meus olhos, de suave perfume de poesia as mais belas figuras de mulher.

Cecília baixou os olhos, corando, e pareceu entretida a examinar a andarela do castiçal de vidro, que lhe ficava à mão.

– Imagine agora a minha surpresa, quando, há pouco, chegando aqui, reconheci esta varanda, esta janela, esta roseira, por as mesmas que de tão longe me haviam chamado a atenção. Daí – acrescentou, sorrindo – fácil me foi concluir quem era a senhora. Não haverá mistério nisto? Não parece que esta roseira queria aconselhar-me de longe o passo que hoje dei? Eu, por mim, estou tentado a crê-lo, e tanto que, por gratidão, peço-lhe licença, minha senhora, para levar comigo uma memória dela. Permite-me que corte uma daquelas flores?

Cecília só pôde sorrir em resposta, baixando a cabeça.

Carlos aproximou-se da roseira e cortou um botão ainda mal desabrochado; voltando à sala, curvou-se respeitosamente diante de Cecília e, depois de mais outra frase de cumprimento, saiu.

Ela viu-o sair, sem que fizesse o menor movimento, e por muito tempo permaneceu no mesmo lugar e na mesma posição em que havia ficado.

Dominava-lhe o espírito um turbilhão de ideias, que ora o mortificavam, ora, não sei de que maneira, o embalavam agradavelmente.

Foi ainda Antónia quem fez cessar mais esta abstracção.

– Então quem era afinal este senhor de tantos recatos e cautelas? – perguntou a criada, a quem a curiosidade mordia com verdadeira sofreguidão.

– Pois não conheceu? Era o filho do Sr. Ricardo, do patrão do pai…

– Ai sim?! Como está um homem!

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pág. 210 (Capítulo 17)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 210

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432