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Capítulo 22: XXII - Educação comercial

Página 264

À própria Cecília surpreendeu o oferecimento. Ambos julgaram isto um gracejo da parte de Carlos. Contudo, era tão séria a expressão que tomou, naquele momento, a fisionomia dele, que Cecília principiou logo a acreditar que não era zombaria a proposta.

Manuel Quintino não se convenceu tão depressa.

– Então com que… encarrega-se da escrituração? – perguntou o velho, não podendo reter um sorriso, o primeiro que se lhe desenhou nos lábios aquela manhã.

– Encarrego, sim.

– Olhem que fortuna para a casa! Agora é que ela prospera… Eh! eh! eh! Valha-me Santo António!…

– Então faz-me a injustiça de me supor incapaz de aplicar as minhas forças a uma empresa qualquer, quando daí possa provir algum bem para um amigo?

Desde que Carlos fez esta pergunta, Cecília esposou logo mentalmente a causa dele: não só acreditou na sinceridade do oferecimento, mas até – vejam que confiança! – até na possibilidade, ou mais ainda, na probabilidade da sua realização.

Manuel Quintino não era tão fácil de mover dos seus juízos. Contudo, também o abalaram as palavras de Carlos, ainda que em outro sentido.

– Não, homem – disse o guarda-livros, meio comovido –; eu não duvido da sua boa vontade, nem do seu ânimo decidido para sacrifícios. Bem recentes tenho provas que me não deixam duvidar. Sei que lhe devo talvez a vida. Não pense que sou ingrato. Mas, venha cá, ouça: como quer encarregar-se de um serviço ao qual tem sempre andado estranho? Era como se eu me metesse a ir salvar a nado alguém que estivesse a afogar-se no meio do rio. De que me valeriam os bons desejos, se iria ao fundo, como um prego, antes de lá chegar?

– Mas tão difíceis lhe parecem essas coisas de comércio, que, dentro em dois ou três dias, com alguns conselhos e explicações suas, eu não me habilite a compreendê-las?

Manuel Quintino encolheu os ombros.

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pág. 264 (Capítulo 22)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 264

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432