Em casa de Manuel Quintino, só este era quem talvez não suspeitava um segundo motivo na assiduidade de Carlos. Antónia e José Fortunato já a comentavam havia muito.
E Cecília? Respondam por mim as leitoras.
Uma noite ia o Sr. José Fortunato a retirar-se, e entre ele e Antónia travou-se, já no portal, o seguinte diálogo:
– Então, Sr.a Antónia, que lhe parece este inglês aqui sempre metido?
– Que quer que lhe faça? O que me admira é o Sr. Manuel Quintino não reparar…
– Mas diga-lhe que…
– Eu? Deus me livre! O Sr. José Fortunato é quem…
– Eu?! Nada; nessa me não meto; mas a Sr.a Antónia tem quase obrigação de…
– Eu lhe digo… Eu, como o outro que diz, não quero falar, sem primeiro me encher de razão… Hei-de tirar umas informações a respeito do inglês, e depois…
– Informações de quem?
– Mesmo defronte da casa dele vive uma cunhada do homem da sobrinha de uma comadre minha, de quem eu sou muito conhecida e amiga; amanhã, se tiver tempo, sempre hei-de lá chegar. Porque a mim consta-me que este rapaz é um estoira-vergas dos meus pecados…
– Ele lá se vê!
– Ora o que nos havia de aparecer!
E os dois despediram-se; José Fortunato para ir curtir em casa as cruas mágoas do coração; Antónia para assentar, no repouso do travesseiro, sobre a maneira de obter da cunhada do homem da sobrinha da sua comadre as informações de que precisava para se encher de razão.