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Capítulo 24: XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão

Página 288
Richard Whitestone.

O boleeiro saltou imediatamente da tábua para receber as ordens da pessoa que vinha dentro e que as gelosias corridas das portinholas furtavam à curiosidade das duas mulheres.

Em seguida tocou à campainha; apareceu-lhe, passado algum tempo, o criado particular de Carlos; trocadas poucas palavras entre ambos, este retirou-se, voltando cedo depois com a resposta.

Tendo-a ouvido, o boleeiro veio abrir a porta da carruagem, da qual saiu então uma senhora de elegante aparência, toda vestida de preto e cujas feições se ocultavam em um longo véu, impenetrável aos olhos ávidos de Antónia e da sua amiga.

Esta senhora desapareceu pelo portão do jardim em companhia do criado de Carlos.

A Sr.a Antónia e a Sr.a Josefinha trocavam entre si olhares eloquentes.

– Mas… – murmurou Antónia.

– Que é?… Diga.

– Não me tinha dito que o pai e a filha haviam saído?

– Há mais de uma hora.

– Então…

– Então o quê?

Os olhos prosseguiram algum tempo o diálogo.

– Ora sempre é desaforo! – disse a Sr.a Antónia, após o diálogo dos olhos.

– É isto que vê.

– Conheceu-a?

– Eu não.

– Mas com este descaro?!

– É para que veja.

– Não, pois eu não saio daqui, sem descobrir quem ela é ou pelo menos…

– Ora diga a Sr.a Antoninha se isto não é fazer pouco caso da vizinhança.

E as duas continuaram nestes santos comentários. A Sr.a Josefinha chegou a adiantar algumas perguntas ao boleeiro, que lhe viera pedir lume para acender o cigarro. Este, porém, só lhe pôde dizer que era uma senhora ainda nova e bonita, que morava em Santa Catarina.

Antónia tomou conta na rua.

As conjecturas continuaram até que de novo apareceu no portal a pessoa que era objecto delas. Agora acompanhava-a Carlos que, com toda a galanteria, a ajudou a entrar no carro, entrando também atrás dela, depois de haver dado algumas ordens ao boleeiro.

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pág. 288 (Capítulo 24)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 288

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432