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Capítulo 25: XXV - Tempestade doméstica

Página 296

O tolerante inglês só esperava por o primeiro ensejo para naturalmente, airosamente, realizar a reconciliação com o filho. Onde ia já o seu ressentimento?

Ficou pois deveras mortificado assim que viu Carlos levantar-se para sair, levando consigo as esperanças do almejado ensejo. Olhou para Jenny, a ver se dela partiria alguma tentativa para reter o irmão.

Jenny, absorvida a estudar a fisionomia de Carlos, não deu pelo gesto do pai.

Já Carlos ia no meio da sala, quando Mr. Richard disse, em voz alta, as primeiras palavras que desde que se sentara dissera:

– Chegou ontem à noite… Mr. Smithfield, de Londres…

Carlos parou, ficando por alguns instantes a olhar para o pai, como se esperasse ouvir dele mais alguma coisa; depois continuou a caminhar para a porta.

– Chegou Mr. Smithfield e a filha, Alice Smithfield – disse ainda Mr. Richard.

Carlos tornou a parar e, vendo que o pai não acrescentava mais nada, deu ainda alguns passos.

– É um homem a quem a nossa casa deve muitos favores, tanto comerciais como… pessoais – disse Mr. Richard.

Estas palavras suspenderam outra vez Carlos, que ia já próximo da porta.

E como Mr. Richard se calasse, o filho estendeu a mão para o reposteiro.

– Estivemos lá, esta manhã, eu e Jenny.

Carlos não disse nada; esperou ainda.

Mr. Richard acrescentou:

– E ficámos de voltar esta noite… Eles partem amanhã para o Minho e… Perguntaram por… por ti.

Mr. Richard realizara um grande esforço: pusera de parte o tom cerimoniático com que até aí tratara o filho.

Carlos, que já desviava o reposteiro, vendo que o pai não prosseguia, curvou-se respeitosamente e saiu, como se não tivesse compreendido o sentido daquelas insinuações.

Mr. Richard viu-o sair, e de novo se lhe carregaram as feições,

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pág. 296 (Capítulo 25)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 296

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432