O tolerante inglês só esperava por o primeiro ensejo para naturalmente, airosamente, realizar a reconciliação com o filho. Onde ia já o seu ressentimento?
Ficou pois deveras mortificado assim que viu Carlos levantar-se para sair, levando consigo as esperanças do almejado ensejo. Olhou para Jenny, a ver se dela partiria alguma tentativa para reter o irmão.
Jenny, absorvida a estudar a fisionomia de Carlos, não deu pelo gesto do pai.
Já Carlos ia no meio da sala, quando Mr. Richard disse, em voz alta, as primeiras palavras que desde que se sentara dissera:
– Chegou ontem à noite… Mr. Smithfield, de Londres…
Carlos parou, ficando por alguns instantes a olhar para o pai, como se esperasse ouvir dele mais alguma coisa; depois continuou a caminhar para a porta.
– Chegou Mr. Smithfield e a filha, Alice Smithfield – disse ainda Mr. Richard.
Carlos tornou a parar e, vendo que o pai não acrescentava mais nada, deu ainda alguns passos.
– É um homem a quem a nossa casa deve muitos favores, tanto comerciais como… pessoais – disse Mr. Richard.
Estas palavras suspenderam outra vez Carlos, que ia já próximo da porta.
E como Mr. Richard se calasse, o filho estendeu a mão para o reposteiro.
– Estivemos lá, esta manhã, eu e Jenny.
Carlos não disse nada; esperou ainda.
Mr. Richard acrescentou:
– E ficámos de voltar esta noite… Eles partem amanhã para o Minho e… Perguntaram por… por ti.
Mr. Richard realizara um grande esforço: pusera de parte o tom cerimoniático com que até aí tratara o filho.
Carlos, que já desviava o reposteiro, vendo que o pai não prosseguia, curvou-se respeitosamente e saiu, como se não tivesse compreendido o sentido daquelas insinuações.
Mr. Richard viu-o sair, e de novo se lhe carregaram as feições,