Nenhuma resposta ainda.
Mr. Richard, que conhecia o filho, percebeu que em vão esperaria dele defesa ou desculpa.
Saiu portanto do quarto.
Quando fechou atrás de si a porta, Carlos atirou ao chão, com um movimento de raiva, que havia muito a custo reprimia, uma preciosa jarra da China, que se fez em pedaços; em seguida pôs-se a percorrer o quarto a passos largos, e ai do objecto que encontrava na passagem!
A campainha soou, enfim, chamando para o jantar.
Carlos tentou dar à fisionomia um aspecto de serenidade, no que foi mal sucedido. Lá estava o olhar de Jenny a espiá-lo, e não era ela a que se iludiria com estes fingimentos pueris.
Imagine-se como correu o jantar, principiado sob tais auspícios.
O tinir dos talheres e dos cristais era o único ruído que interrompia o solene silêncio da sala. Até os criados andavam em bicos de pés, dominados por aquela como atmosfera pesada que se respirava ali dentro.
Jenny ainda tentava sorrir às vezes, mas, coitada, gelava-se-lhe o sorriso nos lábios, à vista das frontes ligeiramente contraídas do pai e do irmão. E sem poder descobrir o motivo daquela animadversão entre eles!
Como tão de repente se condensara esta tempestade, que ela nem tempo tivera para tentar desvanecer?
O jantar terminou como começara, silencioso e triste. Carlos foi o primeiro a levantar-se da mesa. Mr. Richard não teria desta vez companhia para o seu apreciado pospasto.
O inglês começava a sentir mentalmente os efeitos de uma mudança de pensar. Estava-lhe já parecendo que havia sido muito severo para com o delito do filho.
Podia muito bem ser que tivesse pecado por inexacta a interpretação que dera ao facto e, ainda quando o não fosse, era afinal uma leviandade de rapaz que talvez não merecesse tão ásperas censuras.