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Capítulo 25: XXV - Tempestade doméstica

Página 295

Nenhuma resposta ainda.

Mr. Richard, que conhecia o filho, percebeu que em vão esperaria dele defesa ou desculpa.

Saiu portanto do quarto.

Quando fechou atrás de si a porta, Carlos atirou ao chão, com um movimento de raiva, que havia muito a custo reprimia, uma preciosa jarra da China, que se fez em pedaços; em seguida pôs-se a percorrer o quarto a passos largos, e ai do objecto que encontrava na passagem!

A campainha soou, enfim, chamando para o jantar.

Carlos tentou dar à fisionomia um aspecto de serenidade, no que foi mal sucedido. Lá estava o olhar de Jenny a espiá-lo, e não era ela a que se iludiria com estes fingimentos pueris.

Imagine-se como correu o jantar, principiado sob tais auspícios.

O tinir dos talheres e dos cristais era o único ruído que interrompia o solene silêncio da sala. Até os criados andavam em bicos de pés, dominados por aquela como atmosfera pesada que se respirava ali dentro.

Jenny ainda tentava sorrir às vezes, mas, coitada, gelava-se-lhe o sorriso nos lábios, à vista das frontes ligeiramente contraídas do pai e do irmão. E sem poder descobrir o motivo daquela animadversão entre eles!

Como tão de repente se condensara esta tempestade, que ela nem tempo tivera para tentar desvanecer?

O jantar terminou como começara, silencioso e triste. Carlos foi o primeiro a levantar-se da mesa. Mr. Richard não teria desta vez companhia para o seu apreciado pospasto.

O inglês começava a sentir mentalmente os efeitos de uma mudança de pensar. Estava-lhe já parecendo que havia sido muito severo para com o delito do filho.

Podia muito bem ser que tivesse pecado por inexacta a interpretação que dera ao facto e, ainda quando o não fosse, era afinal uma leviandade de rapaz que talvez não merecesse tão ásperas censuras.

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 295

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432