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Capítulo 26: XXVI - Ineficaz mediação de Jenny

Página 303
Ensinaste-me a ler em ti, Charles, naqueles tempos em que me comunicavas todos os teus pensamentos; habituei-me então, e leio ainda agora que evitas essas longas conferências de outras épocas…

– Que evito! Pois imaginas?…

– Não imagino, sei. Cuidas tu, Charles, que tenho perdido de vista o irmão que tão longe dela tem procurado andar? Ai, não tenho, não.

– E que tens visto a essa distância? – perguntou Carlos, gracejando.

– O bastante para me afligir; o bastante para pedir a Deus que me inspire um dia, em que talvez seja mais carregada do que nunca a nuvem que venha ameaçar-nos.

– Visionária!

– Oh! Se o fosse!

– Não me dirás tu, Jenny, como te deu para seres tão apreensiva desta vez! Logo desta, em que não é um capricho o que se apoderou do coração de teu irmão!

– Não é?

– Não, digo-to afoutamente, não é. É um sentimento novo para mim aquele a que ando sujeito… Aí volto eu às velhas confidências de outros tempos; não reparas?

– Desta vez, Charles, há duas pessoas, que ambas me são caras, empenhadas nisto; eis uma causa da minha inquietação. Desta vez, se de um dos lados somente houver sinceridade… – e será do teu lado, a havê-la somente de um? – recairá sobre o outro todo o peso de irremediável infortúnio; outra causa que me faz estremecer. E quando sejam sinceros ambos, não haverá tantas lutas a travar, tantos obstáculos a vencer? É de tudo isto que vêm as minhas apreensões.

– Sossega, Jenny; eu tenho mais confiança no futuro do que tu.

Neste ponto, entrou um criado com recado de Mr. Richard a Jenny de que eram horas de preparar-se para a visita a Mr. Smithfield.

– Então, Charles… Vens? – disse ela ainda uma vez para o irmão.

– Por quem és, Jenny, não insistas mais. Basta que te diga que não sei de motivo tão forte que me pudesse obrigar hoje a faltar à minha promessa.

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pág. 303 (Capítulo 26)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 303

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432