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Capítulo 27: XXVII - O motivo mais forte

Página 306

Nesta noite empregou na tarefa de se vestir um esmero, para que raras vezes lhe sobrava paciência.

Parecia estar-se aprontando para um baile.

– Que importuna ocasião escolheu este Mr. Smithfield para a sua visita! – pensava Carlos, enquanto ajustava ao espelho o laço da gravata de seda. – Por causa dele é que Jenny me deixou assim pesaroso… Mas donde virá a exagerada apreensão que ela mostra desta vez? – E vestia o colete branco. – Não a devia tranquilizar o conhecimento que tem de Cecília? Não devia até desejar que o meu coração se fixasse aqui, que não fosse mais longe? Só se receia de mim… Verdade é que o meu passado… Oh! Mas desta vez…

No meio de uma turba de agradáveis pensamentos desvaneceu-se a impressão penosa que lhe deixara a despedida da irmã.

Afagando-os a todos, terminou Carlos a sua aturada toilette e dispôs-se a partir, acompanhado por um cortejo de esperanças, tão vivas e palpitantes, que nem lhe deixavam sentir já o ligeiro remorso que, de mistura com elas, lhe havia entrado no coração.

Ia já a transpor o limiar da porta, quando um súbito rumor de vozes, de passos apressados e gritos agudos, como arrancados por a mais dolorosa tortura, o fizeram parar.

Informou-se, cheio de inquietação, do motivo daquele ruído.

– É a Sr.a Catarina, que está com um dos seus ataques – respondeu o criado a quem ele se dirigiu.

Eram tão frequentes estes acessos na velha Kate, que, desde que Carlos soube ser essa a causa do rumor que ouvira, não lhe deu mais importância e caminhou outra vez para a porta.

Redobrou porém a violência dos gritos, e tanta e tão crescente angústia exprimiam, que o génio de Carlos não lhe permitiu mais tempo ouvi-los impassível; obedecendo a generoso impulso, subiu apressado as escadas e entrou naquele mesmo quarto, onde já acompanhámos Jenny.

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pág. 306 (Capítulo 27)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 306

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432