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Capítulo 28: XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto

Página 323
vezes mentirosas ilusões dos desejos, quem há aí que possa gabar-se de nunca vos ter experimentado?

Cecília foi subitamente despertada daquele quase sonho, em que parecia arrebatá-la a claridade do luar, por a voz de alguém que lhe pronunciava o nome por baixo da janela.

Cecília reconheceu, estremecendo, aquela voz.

Era a de Carlos.

– Ó Sr. Carlos! – exclamou ela, sobressaltada e fazendo um movimento instintivo para retirar-se.

– Escute – disse Carlos – escute-me. São poucas palavras só as que tenho a dizer-lhe. Vim aqui sem esperança de lhe falar. Contento-me há muitos dias com menos. Ver as janelas da casa em que mora tem-me bastado. Mas, uma vez que o acaso a trouxe aí, deixe-me não perder a única ocasião que tenho agora para lhe dizer o que desejava…

– Mas bem vê que…

– Ouça-me. Dei a minha palavra a seu pai de que não voltaria a esta casa. Houve alguém interessado em interromper as minhas visitas, e conseguiu-o, porque eu mesmo julguei necessário interrompê-las. Acreditará que o fiz sem custo, Cecília?

Cecília não respondeu, porque não podia.

– De hoje em diante só um motivo me pode trazer de novo aqui, a sua casa, à luz do dia, e aos olhos de todos; mas antes, preciso interrogar o seu coração, Cecília. Ele só me pode autorizar a adoptá-lo, esse motivo que digo.

Cecília ganhou coragem e conseguiu enfim responder:

– Sr. Carlos, a doença de meu pai acabou. O generoso procedimento que teve para com ele, durante os dias dessa doença, creia que fez nascer em mim sentimentos de… gratidão, que nunca mais esquecerei. Recordo-me de que fui a primeira a implorar o seu auxílio, e sei de que importância foi o que me concedeu. Por nós quis o Sr. Carlos abandonar, e por muito tempo, hábitos de vida própria da… sua idade, e… da sua posição… O último dia da enfermidade de meu pai, pelo menos, devia para si, Sr.

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 323

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432