Uma Família Inglesa - Cap. 29: XXIX - Os amigos de Carlos Pág. 338 / 432

Teve um pressentimento; obedecendo-lhe, atraiu rapidamente Cecília para dentro do quarto, em cujo limiar se passara esta curta cena, e fechou sobre si a porta com precipitação.

Cecília olhava-o assustada.

Ia a bradar, quando Carlos lhe pôs a mão na boca, dizendo:

– Silêncio por piedade!

Foi prudente. O jardim era já de novo invadido por a mesma turba de estouvados que, momentos antes, abandonara o campo. Chegaram ainda a tempo de verem fechar a porta do quarto e saudaram a descoberta com gargalhadas.

Passados momentos, escutavam-se-lhes as vozes de fora.

– Abre a porta, abre a porta; agora é inútil a dissimulação, Carlos. Seguimo-la, tivemos um pressentimento; vimo-la entrar. Há-de ser ela. Não o negues. Abre!

Cecília, ao escutar estas palavras, sentia-se desfalecer.

– Oh! meu Deus! – exclamou, erguendo assustada as mãos para o céu.

Carlos parecia fulminado.

– Então, Carlos, então? Abre, que maneiras novas são essas? Tu não eras assim.

– Isso fica-te mal.

– Só queremos vê-la e retiramo-nos.

– Vê-la e apresentar-lhe os nossos respeitos.

– Então, então?

Carlos teve um momento de desespero. Sem bem atender no que fazia, sem calcular consequências, deu um passo em direcção da porta, com o olhar inflamado e os lábios trémulos de cólera.

Impediu-lhe porém a passagem Cecília, que quase lhe caiu de joelhos aos pés.

– Quer-me perder, Sr. Carlos?! – dizia ela, com a voz tomada de aflição. – Quer-me perder?!

Carlos parou, e, tentando erguê-la, disse, não menos comovido:

– Cecília; juro-lhe pelo que há de mais sagrado que…

Neste momento uma das vozes dizia:

– Então, avarento, não nos queres mostrar essa tua Cecília?…

Estas palavras fizeram estremecer a filha de Manuel Quintino.

Ao ouvir assim o





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