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Capítulo 3: III - Na Águia de Ouro

Página 35
A criação de Pantagruel e Gargântua é famosa!

– Quem dizes tu que tem uma garganta famosa? – exclamou, voltando-se, um dilettante, por trás de cuja cadeira os dois passavam naquele momento. – Falas da Ponti? Oh! que mulher! Que vocalização! Que sentimento!

– Aí tornas tu com a Ponti – disse um velho rapaz, pronunciado adversário da prima-dona e um da numerosa seita que passa metade do ano a suspirar pelo teatro lírico e outra a dizer sistematicamente mal das companhias escrituradas. – És capaz de sustentar que vai bem na Norma. Se ouvissem a Rossi-Cassi…

– A Rossi-Cassi! Oh! por quem és, desalmado! Não sacudas reputações cobertas pelo pó do tempo! Pff! Que poeira! Vive da actualidade.

– Falar na Rossi com esse entusiasmo de conhecedor equivale a um assento de baptismo feito pelo menos em 1800.

– Nego – bradou embespinhado o velho rapaz.

– Parce sepultis – disse o padre.

– Lascia la donna in pace – trauteou outro dilettante.

Carlos e o jornalista tinham passado adiante! O jornalista ia já a falar em libretos de óperas, em Felice Romani, em Manzoni, no Ei fu! do Cinque Maggio… etc., etc., etc…

Carlos foi retido agora pela mão de um rapaz, junto do qual tinham chegado.

– Aqui está quem nos pode informar – dizia o que o segurava. – Ó Carlos, diz-nos uma coisa: conheces a Laura Viegas?

– Não – respondeu Carlos, distraído.

– Conheces por força. A filha do Viegas, daquele brasileiro que comprou a quinta do Pedroso.

– E então?

– Mas conheces? Bem. Que dote achas tu que terá aquela rapariga?

Carlos encolheu os ombros, significando a sua ignorância, e preparava-se já para seguir para diante, quando outro, a quem igualmente preocupava esta ciência dos dotes, o segurou por sua vez.

– Não tem que ver; o Viegas não lhe pode dar mais de nove contos.

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pág. 35 (Capítulo 3)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 35

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432