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Capítulo 3: III - Na Águia de Ouro

Página 36

– Triplique, e não lhe faz favor nenhum – disse, do alto da mesa, o padre, conseguindo passar esta nota por meio de uma briga travada entre os mais disparatados assuntos.

– Ora aí tens! – disseram os disputantes, aceitando o auxílio, como de valia provada.

O padre limpava tranquilamente os beiços e enchia um cálice de malvasia.

– Então diz o padre Manuel que o Viegas…

– O Viegas tem pelo menos… – dizia de lá o padre, elevando o cálice entre os olhos e a luz, e revendo-se na limpidez do licor; e, antes de completar a frase, levou-o à boca e despejou-o de um trago.

Depois continuou:

– Tem pelo menos… pelo menos…

Aqui, enxugou os lábios e enfim concluiu:

– Sessenta e sete contos de réis.

– Ora!

Carlos passara para o outro lado da mesa, seguido ainda do jornalista, que lhe ia dizendo:

– É a questão do dia. – O dinheiro. – A literatura ressente-se…

E daqui passou a falar de Alexandre Dumas, filho, de Émile Augier, de Ponsard… etc., etc…

– Deixa-te disso – dizia, no ponto da sala a que os dois chegavam, um rapaz imberbe e ainda em estudos de preparatórios – a Emília Vitorina é outra qualidade de mulher. Ainda ontem, em casa do barão de Tavares, me encontrei com ela. Trajava de Maria Stuart. Era uma perfeita rainha, uma mulher distinta, esplêndida.

– Foi, foi; já não é. Descobriram-se-lhe os primeiros estragos, quando em ti apareciam os primeiros dentes. A idade… – dizia outro.

– Ora a idade! a idade! A mulher tem sempre a idade que parece ter.

– Concordo; mas, depois dos quarenta e tantos anos, a mulher parece ter a idade que tem.

– Bárbaro! Ó Carlos, que dizes tu?

– Digo que sim – respondeu Carlos, que nem atendera à discussão.

– Está esta criança do Duarte a afirmar que prefere a Emília Vitorina à Mariana Prazeres.

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pág. 36 (Capítulo 3)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 36

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432