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Capítulo 31: XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino

Página 354

Meia hora depois saíram ambos. Cecília pensava ainda se se resolveria a assistir à festa do aniversário de Jenny.

Poucas palavras se trocaram entre o pai e a filha, durante todo o passeio. Vieram terminá-lo a Cedofeita, aonde assistiram à missa.

À saída do cemitério, que, segundo o costume, foram depois visitar, Cecília pareceu pela primeira vez sair da hesitação em que desde a véspera estava, e disse, parando à entrada da rua, que a devia conduzir pelo mais curto caminho a casa de Mr. Richard Whitestone:

– Não sei o que faça. Jenny pediu-me para ir passar hoje o dia com ela.

– Hoje!

– Sim, escreveu-me para mo pedir…

– Como quiseres, filha… Ainda que hoje é dia santo e eu…

Manuel Quintino ia a exprimir a pena que lhe causava o prescindir naquele dia da companhia da filha, mas calou-se, receando com isso constrangê-la. Cecília compreendeu-o, porém.

– Eu sei, pai, eu sei que não gosta de se ver só nestes dias que passa em casa – e bem poucos são! Mas olhe, há também certas companhias que mais nos entristecem do que ainda a mesma solidão; e a minha hoje não podia alegrá-lo muito.

– Que dizes, Cecília? Que lembrança!

– Acredite-me.

– E porquê?

– Porque me sinto triste, e não poderia, por mais que fizesse, constranger-me.

Manuel Quintino comoveu-se a ponto de lhe apontarem lágrimas aos olhos.

– Eu já tinha notado essa tristeza, Cecília, já. Não ma descobres tu, que há muito ela me dá cuidado. – Mas, já que me falaste nela, diz-me a razão: o que te aflige, o que é que tens? Não te sentes boa?

– Não me pergunte nada, meu pai; que não lhe posso… que não lhe sei responder.

Manuel Quintino ficou por algum tempo com os olhos na filha, que desviava os seus, e não pôde soltar palavra.

– Pois então vai – disse por fim Manuel Quintino –, vai.

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pág. 354 (Capítulo 31)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 354

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432