Meia hora depois saíram ambos. Cecília pensava ainda se se resolveria a assistir à festa do aniversário de Jenny.
Poucas palavras se trocaram entre o pai e a filha, durante todo o passeio. Vieram terminá-lo a Cedofeita, aonde assistiram à missa.
À saída do cemitério, que, segundo o costume, foram depois visitar, Cecília pareceu pela primeira vez sair da hesitação em que desde a véspera estava, e disse, parando à entrada da rua, que a devia conduzir pelo mais curto caminho a casa de Mr. Richard Whitestone:
– Não sei o que faça. Jenny pediu-me para ir passar hoje o dia com ela.
– Hoje!
– Sim, escreveu-me para mo pedir…
– Como quiseres, filha… Ainda que hoje é dia santo e eu…
Manuel Quintino ia a exprimir a pena que lhe causava o prescindir naquele dia da companhia da filha, mas calou-se, receando com isso constrangê-la. Cecília compreendeu-o, porém.
– Eu sei, pai, eu sei que não gosta de se ver só nestes dias que passa em casa – e bem poucos são! Mas olhe, há também certas companhias que mais nos entristecem do que ainda a mesma solidão; e a minha hoje não podia alegrá-lo muito.
– Que dizes, Cecília? Que lembrança!
– Acredite-me.
– E porquê?
– Porque me sinto triste, e não poderia, por mais que fizesse, constranger-me.
Manuel Quintino comoveu-se a ponto de lhe apontarem lágrimas aos olhos.
– Eu já tinha notado essa tristeza, Cecília, já. Não ma descobres tu, que há muito ela me dá cuidado. – Mas, já que me falaste nela, diz-me a razão: o que te aflige, o que é que tens? Não te sentes boa?
– Não me pergunte nada, meu pai; que não lhe posso… que não lhe sei responder.
Manuel Quintino ficou por algum tempo com os olhos na filha, que desviava os seus, e não pôde soltar palavra.
– Pois então vai – disse por fim Manuel Quintino –, vai.