A menina Jenny é boa e estou que te saberá consolar melhor do que eu… Vai! Não serei eu que te aparte da companhia daquele anjo.
Cecília beijou a mão do pai que, ao separar-se dela, lhe viu lágrimas nos olhos.
À entrada da rua, por onde Cecília seguiu, permaneceu Manuel Quintino até a perder de vista.
– Aquelas lágrimas! Aquelas lágrimas! – murmurava ele, de mal consigo mesmo por não as saber explicar. – E eu que a não posso ver assim sem me dar vontade de chorar também! É forte coisa!
E continuou, com a cabeça baixa, a caminhar para casa.
Manuel Quintino, de distraído que ia, não cortejou a vizinhança, acto de polidez a que raras vezes faltava; e por pouco não ia passando além da porta de casa sem a conhecer.
Antónia, ao vê-lo entrar só, perguntou admirada:
– Então a menina?
– A menina não janta em casa.
– Ora essa! E não me disseram nada!
– Ela resolveu agora mesmo.
– Sempre fazem coisas! E aonde foi ela jantar?
– A casa de Jenny.
– De quem?!
– De Jenny, do Sr. Whitestone…
– Que me diz!
– Sim; a casa do Sr. Richard Whitestone.
– Está bom, está! Bem digo eu!
– Então que é que tem?
– Nada; não tem nada. Visto isso, quer que tire o jantar?
– Sim, tire.
Manuel Quintino jantou pouco. Jantar a que não assistisse Cecília, não era jantar que lhe prestasse.
– Então o senhor não come? – dizia-lhe, a cada passo, Antónia.
– Não tenho vontade.
– Boa te vai!
Manuel Quintino levantou-se da mesa e foi sentar-se à janela.
Antónia, depois de sacudir a toalha, tossiu como quem tinha alguma coisa a dizer.
Manuel Quintino não deu por isso.
Antónia resolveu-se a tomar a iniciativa.
– Ora agora que já jantou, sempre lhe quero dizer uma coisa, Sr. Manuel.
– Diga lá.
– Ainda que, a falar a verdade, eu não devia talvez…
– Pois então não diga.