Uma Família Inglesa - Cap. 32: XXXII - Os convivas de Mr. Richard Pág. 367 / 432

Mr. Whitestone aceitava tudo de boa vontade.

A ilação que dos seus arrazoados tirava Mr. Morlays era quase sempre esta:

– Este mundo é um covil de feras!

A de Mr. Brains formulava-se de ordinário assim:

– Este mundo é um grande teatro.

Pouco a pouco, ascendeu a conferência a mais sublimados assuntos. A questão política abriu campo à mais vasta questão social, onde os dois ingleses continuaram a conservar cada um a sua provada individualidade ao serviço da causa da pátria comum.

Mr. Brains, o optimista, abraçava-se com entranhado afecto às utopias. Neste momento, estendendo a vista através dos séculos futuros, estava percebendo ao longe a tão almejada unidade dos povos, realizada por uma só nação, por uma legislação única, por uma língua comum; a supressão da palavra «guerra» desse vocabulário universal, em consequência de não ter objecto a que se aplicar; e depois a matéria, subjugada pela inteligência, obrigada a trabalhar, e o espírito, livre da atenção às impertinentes exigências da vida positiva, a entrar em especulações de ordem superior, em concepções metafísicas.

– Então é que se realizará o último fim do homem na terra! Que não viva eu, Mr. Whitestone, para saudar esse grande dia! Que não possa dizer, na língua universal de então, o meu «bom-dia» ao sol que romper!

Mr. Richard, sorrindo, com ares de quem não tinha fé muito ardente em tão dourado futuro, perguntou:

– E que língua será essa, Mr. Brains? Alguma das existentes hoje, que se generalizará; ou outra nova, que terá de se formar ainda?

– Quem o pode dizer, Mr. Richard? Isto é segredo do futuro. Mas não há dúvida que existem grandes plausibilidades a favor da inglesa.

– Ah! sim?

– Por certo. Primeiro que tudo, é a Inglaterra a primeira nação colonial.





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