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Capítulo 32: XXXII - Os convivas de Mr. Richard

Página 366
Brains.

– Nem por isso, nem por isso. Descuidou-se hoje, deixando-me varrer todas as ostras do mercado, sem me reservar nenhuma! Cheguei a acreditar que Mr. Morlays tinha razão; o mundo tem provações! Eh! eh!…

– Ria, ria. Eu confesso que me seria difícil imaginar outro mundo pior.

– Oh! Para isso basta suprimir as ostras da criação! Perde logo cinquenta por cento do valor que tem. Eh! eh! eh! Uma comida leve, que não compromete o estômago! Antes o predispõe a mais substancial refeição.

Não acompanharemos, através das diversas transições, o longo e substancioso diálogo mantido entre os três ingleses.

As questões mais graves que agitavam então as inteligências e pejavam de papéis os gabinetes diplomáticos da Europa, o destino das nações, a futura sorte dos povos, tudo, naquela manhã, foi tratado por eles e decidido em termos categóricos e com tanta consciência de infalibilidade, como só a dá e permite o foro de súbdito inglês, cujos privilégios, debaixo deste ponto de vista, parece não terem limites. Monarcas, generais, ministros, diplomatas, publicistas, todos passaram em comprida procissão aos olhos deste triunvirato, que os julgou e sentenciou com a impavidez e precisão próprias do espírito britânico.

A Guerra da Crimeia historiaram-na eles a seu modo: com grande exaltação da Inglaterra, e acerba crítica da França, a cujo exército nada mais conheciam senão uma fanfarronice, às vezes feliz.

Escusado será dizer que tudo isto era condimentado com reflexões lúgubres de Mr. Morlays e com ditos joviais de Mr. Brains. O primeiro, para deprimir a França, inventava exemplos de crueldade, e quase de canibalismo, cometidos pelo soldado francês; o segundo, com o mesmo patriótico fim, contava anedotas cómicas, nas quais se demonstrava o quixotismo dos aliados da velha Inglaterra.

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pág. 366 (Capítulo 32)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 366

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432