Morlays.
– É inexacta comparação – tornou sisudamente – essa dos astros à vida do homem. A queda e o extinguir dos astros são fictícios. Ocultam-se-nos, mas não se apagam. Melhor se compararia a vida a um foguete.
– Oh! A um foguete? Singular comparação! – exclamou Mr. Brains, rindo.
– Vamos lá a ver, vamos lá a ver – disse Mr. Richard Whitestone, sentando-se.
Mr. Morlays, medindo a sala a passos largos, desenvolveu a imagem, assim:
– O homem, como o foguete, principia a animar-se por uma faísca, que se ateia; eleva-se então com chama e estrondo, pára um momento… e depois… estoura, e cai veloz, silencioso, extinto, deixando na terra somente o esqueleto que o fogo já não anima.
Mr. Richard sorriu à original imagem do seu amigo e conviva.
– Mr. Morlays tem razão.
– E quando daremos nós o estouro da metáfora? – perguntou o risonho Mr. Brains, mostrando uma fileira de bem ordenados dentes e, depois, acrescentou: – Concordo com Mr. Morlays; mas peço-lhe que note que se há foguetes que descem como ele diz, silenciosos e extintos, a arte pirotécnica tem inventado também alguns cuja queda é alumiada por lágrimas de cores, que os acompanham até à terra. Eu por mim imitarei ao cair o foguete de lágrimas… Eh! eh! eh!
A conversa continuou neste teor e forma, até à chegada de Carlos.
Cecília, vendo-o entrar, aproximou-se da janela, onde Jenny se lhe foi em breve reunir.
Mr. Brains saudou Carlos, cantando:
I’m afloat! I’m afloat, etc. etc.
que são as primeiras palavras de uma popular canção inglesa.
Carlos correspondeu, sorrindo, ao cumprimento.
Mr. Morlays não foi menos característico do que o companheiro.
– Ainda mais outro ano nos encontramos aqui, Mr. Charles. Quem sabe onde para o ano terá de ir quem nos quiser procurar?
Mr.