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Capítulo 33: XXXIII - Em honra de Jenny

Página 372
Morlays.

– É inexacta comparação – tornou sisudamente – essa dos astros à vida do homem. A queda e o extinguir dos astros são fictícios. Ocultam-se-nos, mas não se apagam. Melhor se compararia a vida a um foguete.

– Oh! A um foguete? Singular comparação! – exclamou Mr. Brains, rindo.

– Vamos lá a ver, vamos lá a ver – disse Mr. Richard Whitestone, sentando-se.

Mr. Morlays, medindo a sala a passos largos, desenvolveu a imagem, assim:

– O homem, como o foguete, principia a animar-se por uma faísca, que se ateia; eleva-se então com chama e estrondo, pára um momento… e depois… estoura, e cai veloz, silencioso, extinto, deixando na terra somente o esqueleto que o fogo já não anima.

Mr. Richard sorriu à original imagem do seu amigo e conviva.

– Mr. Morlays tem razão.

– E quando daremos nós o estouro da metáfora? – perguntou o risonho Mr. Brains, mostrando uma fileira de bem ordenados dentes e, depois, acrescentou: – Concordo com Mr. Morlays; mas peço-lhe que note que se há foguetes que descem como ele diz, silenciosos e extintos, a arte pirotécnica tem inventado também alguns cuja queda é alumiada por lágrimas de cores, que os acompanham até à terra. Eu por mim imitarei ao cair o foguete de lágrimas… Eh! eh! eh!

A conversa continuou neste teor e forma, até à chegada de Carlos.

Cecília, vendo-o entrar, aproximou-se da janela, onde Jenny se lhe foi em breve reunir.

Mr. Brains saudou Carlos, cantando:

I’m afloat! I’m afloat, etc. etc.

que são as primeiras palavras de uma popular canção inglesa.

Carlos correspondeu, sorrindo, ao cumprimento.

Mr. Morlays não foi menos característico do que o companheiro.

– Ainda mais outro ano nos encontramos aqui, Mr. Charles. Quem sabe onde para o ano terá de ir quem nos quiser procurar?

Mr.

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pág. 372 (Capítulo 33)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 372

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432