Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 33: XXXIII - Em honra de Jenny

Página 373
Brains apressou-se a responder:

– Ao cemitério do Campo Pequeno, decerto que não, Mr. Morlays; porque, quando para ali resolvesse ir, escusado seria procurá-lo lá, porque é de crer que não estivesse de humor para tratar de negócios. Eh! eh! eh!…

A hilaridade não se comunicou a Mr. Morlays que, pelo contrário, ficou mais sombrio.

Mr. Whitestone, desde que o filho entrara, ocupava-se em uma singular tarefa. Foi sentar-se ao piano e principiou a correr os dedos pelas teclas com presteza e com uma desarmonia só suportável ao seu ouvido inglês.

Esta espécie de divertimento era daqueles a que, por excentricidade, mui frequentemente se entregava.

Felizmente para os dois convivas, os ouvidos deles não eram mais pechosos em coisas de harmonia do que os de Mr. Richard; porque se não fosse isso, nem eu sei calcular os resultados gravíssimos que podia ter aquela bárbara ocupação.

Cecília, Jenny e Carlos, esses, estavam muito absorvidos por os próprios pensamentos, para que os incomodasse o selvagem prazer de Mr. Whitestone, sob cujos dedos gemia, como um supliciado, o magnífico piano de Erhard, vítima desses caprichos antimusicais.

Enquanto isto se passava, Cecília dizia a Jenny:

– Por favor lhe peço, Jenny! Deixe-me ficar aqui! Eu não sei se poderia por muito tempo suster esta tristeza que se me pôs no coração.

Tenho medo de chorar.

– Criança! – respondeu Jenny. – Não estou eu ao pé de si? Não seja assim fraca. Esse seu coração deu-se agora a fantasiar desgraças impossíveis, que não se concebem?

– Impossíveis?!

– Impossíveis, sim. Olhe, Cecília; eu andei primeiro do que a menina em imaginar futuros negros. Cecília ria ainda e eu estava já séria. Este Carlos tem-me obrigado muitas vezes a isto e desta vez sobretudo…

– Jenny!

– Desta vez sobretudo, porque eu sabia que era um coração que ele encontrara no caminho e… aquele estouvado podia não reparar… e magoá-lo.

<< Página Anterior

pág. 373 (Capítulo 33)

Página Seguinte >>

Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 373

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432