Uma Família Inglesa - Cap. 3: III - Na Águia de Ouro Pág. 38 / 432

pensar na posição incómoda em que haviam de viver esses pobres diabos, se existissem…

– E um dia em que ele…

Uníssona e estrepitosa gargalhada, partindo de um grupo que estava já em pé no extremo da sala, interrompeu a história.

Todas as atenções e todos os olhares convergiram para ali.

Eram quatro os rapazes que riam e riam até lhes caírem as lágrimas dos olhos. Junto destes, o quinto mostrava, em certo ar constrangido, poucas disposições para expansão igual.

– É impagável este homem! – dizia um dos que riam.

– Que foi? Que foi? – perguntavam os que não faziam parte do grupo, rindo já com antecipação também.

O dos ares constrangidos respondeu:

– Não façam caso; são doidos.

– Que foi? Digam – insistiam todos na sala.

– É aqui o Cláudio Pires que fez uma das suas descobertas.

– Eu disse… – tentou este interromper.

– Silêncio! – bradaram muitos a um tempo.

– O Cláudio – continuou um dos que mais riam ouvindo aqui o Lourenço falar com elogio em um sistema de comportas que viu no estrangeiro, observou-nos que havia de se dar bem por lá, por isso que nada se lhe acomoda melhor com o estômago, depois de jantar, do que as comportas.

– Comportas de marmelos, ou assim uma coisa, é o que eu disse.

A justificação foi sufocada por um coro geral de gargalhadas.

– O bárbaro era capaz de roer os diques dos Países Baixos e sacrificar a Holanda a uma geral inundação.

– Que terrível capricho estomacal!

– Vejam do que está dependente a sorte dos impérios! Esta escapou a Volney!

E os ditos sucediam-se, e cruzavam-se os epigramas, e a confusão subia de ponto com isto.

Até que, enfim, uma voz dominou o tumulto.

– Reparem que são onze horas e que é tempo de fazermos a nossa entrada solene nos bailes de máscaras.





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