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Capítulo 3: III - Na Águia de Ouro

Página 38
pensar na posição incómoda em que haviam de viver esses pobres diabos, se existissem…

– E um dia em que ele…

Uníssona e estrepitosa gargalhada, partindo de um grupo que estava já em pé no extremo da sala, interrompeu a história.

Todas as atenções e todos os olhares convergiram para ali.

Eram quatro os rapazes que riam e riam até lhes caírem as lágrimas dos olhos. Junto destes, o quinto mostrava, em certo ar constrangido, poucas disposições para expansão igual.

– É impagável este homem! – dizia um dos que riam.

– Que foi? Que foi? – perguntavam os que não faziam parte do grupo, rindo já com antecipação também.

O dos ares constrangidos respondeu:

– Não façam caso; são doidos.

– Que foi? Digam – insistiam todos na sala.

– É aqui o Cláudio Pires que fez uma das suas descobertas.

– Eu disse… – tentou este interromper.

– Silêncio! – bradaram muitos a um tempo.

– O Cláudio – continuou um dos que mais riam ouvindo aqui o Lourenço falar com elogio em um sistema de comportas que viu no estrangeiro, observou-nos que havia de se dar bem por lá, por isso que nada se lhe acomoda melhor com o estômago, depois de jantar, do que as comportas.

– Comportas de marmelos, ou assim uma coisa, é o que eu disse.

A justificação foi sufocada por um coro geral de gargalhadas.

– O bárbaro era capaz de roer os diques dos Países Baixos e sacrificar a Holanda a uma geral inundação.

– Que terrível capricho estomacal!

– Vejam do que está dependente a sorte dos impérios! Esta escapou a Volney!

E os ditos sucediam-se, e cruzavam-se os epigramas, e a confusão subia de ponto com isto.

Até que, enfim, uma voz dominou o tumulto.

– Reparem que são onze horas e que é tempo de fazermos a nossa entrada solene nos bailes de máscaras.

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pág. 38 (Capítulo 3)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 38

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432