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Capítulo 37: XXXVIII - Justificação de Carlos

Página 420
Jenny desanimou. Ergueu-se, enfim, resoluto, e sem parar um momento mais, dirigiu-se ao gabinete de Mr. Richard e pediu licença para entrar.

– Entre – disse de dentro a voz do negociante.

Paulo entrou, fechando a porta atrás de si.

Jenny não pôde conter-se; saíram-lhe involuntariamente dos lábios estas palavras:

– Está ganha a causa!

Manuel Quintino olhou para ela admirado.

Jenny pôs-se a rir.

– Se soubesse, Manuel Quintino, que se está agora mesmo desmoronando o último e pequeno estorvo que se opunha à sua felicidade!…

Manuel Quintino cada vez a compreendia menos.

Jenny nada mais disse.

A conferência de Paulo e de Mr. Richard durou muito tempo. De fora só se percebia um indistinto rumor de vozes, sem se distinguir uma só palavra.

Afinal abriu-se a porta outra vez.

Passou por Jenny o tremor de incerteza.

O primeiro que saiu foi Paulo; trazia as faces afogueadas, os olhos vermelhos; mas, por entre estes vestígios de tristeza, transluzia certo ar de contentamento de alma, que tranquilizou Jenny.

Momentos depois saiu Mr. Richard. Através da impassibilidade e frieza aparente da fisionomia do velho, o olhar de Jenny percebeu que lhe ia muita alegria no coração.

Mr. Richard deu algumas ordens, fez algumas recomendações, e depois, voltando-se para a filha, disse-lhe que estava à disposição dela. Retirava-se do escritório a uma hora excepcional. Jenny acompanhou-o.

– Saíste-te perfeitamente da tua incumbência, Jenny – disse-lhe o pai, quando a sós com ela no carro.

– Então não saí?

– E como o conseguiste?

– Mais devagar!… Esse é o meu segredo. Diga, não estará Carlos ainda justificado?

Um sorriso foi a resposta que obteve esta pergunta; sorriso de orgulho, de afecto, de comoção, que tudo estava então experimentando aquele coração de pai.

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pág. 420 (Capítulo 37)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 420

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432