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Capítulo 37: XXXVIII - Justificação de Carlos

Página 419
O conceito que geralmente fazem de meu irmão não lhe serve de fiança valiosa. Isto tem feito existir entre Charles e o pai, há já muitos dias, uma frieza… mais do que frieza, uma quase hostilidade, que me aflige. Se soubesse, Manuel Quintino, o que tenho chorado por causa deles!…

Jenny que, como dissemos, falava agora em inglês e como quem não receava que alguém mais a compreendesse na sala, lançava de quando em quando olhares furtivos para Paulo e via-o mudar de cor, passar de pálido a corado, empalidecer de novo, corar outra vez, enquanto mal segurava na mão trémula a pena com que escrevia.

Jenny seguia com prazer todos estes sinais, e por eles conjecturava que estava sendo entendida.

– Verduras! – disse Manuel Quintino, procurando desculpar Carlos.

– Que importa que o sejam? São motivo bastante para nos fazer sofrer a todos.

Jenny insistiu muito nisto, exagerou as cores sombrias com que pintou o horizonte doméstico. Nisto falava ainda, quando Mr. Richard entrou no escritório. Jenny receou que qualquer pergunta dele inutilizasse todo o artifício, e por isso correu ao encontro do pai e, fingindo abraçá-lo, disse-lhe ao ouvido:

– Não se refira a nada do que há pouco lhe disse e demore-se aqui no escritório.

Mr. Richard fez, sorrindo, um sinal de assentimento.

Jenny sustentou uma conversa insignificante, sem nunca perder de vista Paulo, cuja turbação indicava uma violenta luta interior. Jenny agourava bem do que ia observando nele.

Enfim, deixou afrouxar a conversa e fez ao pai sinal para que entrasse no gabinete. Mr. Whitestone assim o fez.

A agitação de Paulo cresceu. Jenny espiava-lhe todos os movimentos e expressões. Viu-o pousar a pena e erguer-se, como movido por forte resolução. Jenny tremeu de sobressalto! Depois fez-se pálido, passou a mão pela fronte e sentou-se outra vez.

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pág. 419 (Capítulo 37)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 419

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432