que dei? Tão impossível te parece já a gratidão, que…
– Não, mas as circunstâncias que ocorreram… o que se passou…
– Que tem tudo isso?
– Jenny, perdoa-me; mas a minha consciência obriga-me a pôr de parte todas as reservas e a falar-te com franqueza…
– E ainda agora o fazes?
– Responde-me… Quais são as tuas tenções?
– Que tenções?
– As tuas tenções… a meu respeito?
– Ah! … As melhores tenções deste mundo… Fazer-te feliz.
– Mas repara, Jenny, que eu não o posso nunca ser, à custa de sacrifícios alheios.
– E quem é que se vai sacrificar?
– Não sei, mas… acudiu-me um pensamento… louco por certo… mas inquieta-me… A tua generosidade é capaz de tudo…
– Vamos lá a ver esse pensamento louco que te ocorreu.
– Naquela manhã, no dia dos teus anos, quando me apareceste, como o anjo de misericórdia, em um momento de aflição… lembras-te?
– Vamos adiante... O anjo de misericórdia é que veio de mais aí...
– Nesse momento, ouvi-te dizer algumas palavras, que tremi de compreender, depois quando disseste a… teu irmão que eu tinha direitos a exigir dele a afeição que…
– E não tinhas?
– Ouve-me, Jenny. Daquela vez a tua angélica presença bastou para me salvar; mas, se não bastasse, quando eu tivesse sido surpreendida, como o acaso me arriscou a ser, ali, só, naquele lugar, e ficasse perdida na opinião de todos, coberta de vergonha e de desprezo, ainda assim preferiria retirar-me só com a minha consciência, que me não acusava, a usar dos direitos a essa reparação, que dizias. Exigir afeições! Repara bem, Jenny: – Exigir! – E podem lá exigir-se afeições? Receber as aparências delas, em vez da realidade! E a quem dá isso venturas?
– Tens razão, Cecília. Vê; eu também sou do teu pensar, e, contudo, teimo em fazer-te feliz.