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Capítulo 38: XXXIX - Coroa-se a obra

Página 430

Manuel Quintino permanecia como estupefacto.

– De meu pai tenho já o consentimento; tenho também a aprovação de Jenny; falta-me apenas…

– E Cecília?…

– Interrogue-a.

Manuel Quintino, quase sem saber o que fazia, dirigiu-se à porta para chamar a filha. Esta não estava longe, como é de prever.

Ao entrar na sala, o rosto tinha-lhe dito mais do que se podia esperar das palavras.

Manuel Quintino não era para mais hesitações e reservas. Atirou-se ao pescoço de Carlos; abraçou-o, beijou-o, chamando-lhe seu querido filho.

– Cecília – dizia Carlos, daí a pouco, aproximando-se dela –, se, para avaliar os seus sentimentos, esperasse que mos revelasse, duvidaria ainda, sabe?

– Mas não duvida?

– Não, porque… os adivinho; julgo eu que os adivinho.

– E que mais quer? Infelizes dos que não sabem adivinhar assim. Esses… não amam deveras. Não lhe parece?

– E adivinha também?

– Espero que sim.

– Mas ainda há tão pouco tempo que duvidava!

– Ou queria obrigar-me a duvidar.

– E não o conseguiu?

– Bem vê que creio, antes de ouvir a justificação.

– Prometo-lhe que não abusarei dessa generosa confiança – respondeu Carlos, beijando-lhe a mão que ela lhe estendia.

Ora sucedeu que a Sr.a Antónia surpreendesse esta cena. Rica de tal descoberta, correu a dar parte dela ao amo, que cantarolava na sala contígua.

Mas qual não foi o seu espanto, ao ver Manuel Quintino receber às risadas a comunicação do delito!

Um raio de luz atravessou o entendimento daquela prudente senhora.

Tinha ela bastante tino político para deixar de imitar os deputados que, aos primeiros indícios de mudança ministerial, têm a cautela de se passarem, com armas e bagagem, para a oposição, com o fim de no dia seguinte amanhecerem do lado do poder.

Teve cedo a Sr.

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pág. 430 (Capítulo 38)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 430

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432