Manuel Quintino permanecia como estupefacto.
– De meu pai tenho já o consentimento; tenho também a aprovação de Jenny; falta-me apenas…
– E Cecília?…
– Interrogue-a.
Manuel Quintino, quase sem saber o que fazia, dirigiu-se à porta para chamar a filha. Esta não estava longe, como é de prever.
Ao entrar na sala, o rosto tinha-lhe dito mais do que se podia esperar das palavras.
Manuel Quintino não era para mais hesitações e reservas. Atirou-se ao pescoço de Carlos; abraçou-o, beijou-o, chamando-lhe seu querido filho.
– Cecília – dizia Carlos, daí a pouco, aproximando-se dela –, se, para avaliar os seus sentimentos, esperasse que mos revelasse, duvidaria ainda, sabe?
– Mas não duvida?
– Não, porque… os adivinho; julgo eu que os adivinho.
– E que mais quer? Infelizes dos que não sabem adivinhar assim. Esses… não amam deveras. Não lhe parece?
– E adivinha também?
– Espero que sim.
– Mas ainda há tão pouco tempo que duvidava!
– Ou queria obrigar-me a duvidar.
– E não o conseguiu?
– Bem vê que creio, antes de ouvir a justificação.
– Prometo-lhe que não abusarei dessa generosa confiança – respondeu Carlos, beijando-lhe a mão que ela lhe estendia.
Ora sucedeu que a Sr.a Antónia surpreendesse esta cena. Rica de tal descoberta, correu a dar parte dela ao amo, que cantarolava na sala contígua.
Mas qual não foi o seu espanto, ao ver Manuel Quintino receber às risadas a comunicação do delito!
Um raio de luz atravessou o entendimento daquela prudente senhora.
Tinha ela bastante tino político para deixar de imitar os deputados que, aos primeiros indícios de mudança ministerial, têm a cautela de se passarem, com armas e bagagem, para a oposição, com o fim de no dia seguinte amanhecerem do lado do poder.
Teve cedo a Sr.